TODA
SODADE É ASSIM
Meu
patrão, eu reconheço
E
sei cuma é caro o preço
De
uma arrescordação...
-
O prazê da mocidade,
Pra
se pagar com sodade...
Hai
muita expiloração!
Às
vez, a gente lucrou-se
De
tão pouco, qui acabou-se
Sem
o gosto do bom senti.
Depois
dos tempos passados
Os
gostos vão ser cobrados
Com
juros – sempre a subi.
As
contas sempre são véia,
Só
é nova a churrutéia
Se
as lembranças vem cobrá.
O
freguês paga tudinho...
Mas,
fica sempre um rabinho,
Pra
conta continuá.
Um
namoro atrás do muro,
Um
passeio no escuro...
Uma
bestêra quarqué.
Só
sei qui na tramunhada,
Tem
uma história embruiada
Na
saia de uma muié.
Patrão,
tô véio e cansado,
Arrescordo
o meu passado...
Num
sô um véio chorão.
Mas
fico desmilinguido
Se
dentro do meu sentido
Passeia
a rescordação.
-
A sodade é buliçosa.
É
renitente. É teimosa,
Num
tem acomodação...
Noite
e dia trabaiando,
Bulindo,
cascaviando,
No
baú do coração.
Vê
minha mãe remendando
Minha
rôpa... Fuxicando...
Eu
junto dela, no chão
Brincando
c’uma boiada
De
osso de panelada...
Sodade
é isso, patrão!
Sodade
é rescordação!
É
dô... É satisfação.
É
estrepe de mel de abeia,
É
luz, qui a gente apagando
Fica
pru dentro, queimando
O
pavio da candeia.
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