quinta-feira, 31 de outubro de 2013

CANGAÇO NORDESTINO

VIDA E MORTE DE MARIA BONITA E LAMPIÃO

 
Sou matuto do sertão
Criado no taboleiro 
Mas gosto da inducação
  Mermo sendo um brejeiro
  E o cangaço é cultura
Tradição e mistura
Do nordeste brasileiro
 
 Sá minino preste atenção 
Inscuite o meu versejar 
Mode você num perder 
Abra as urêia pra inscutar 
Eu falando de lampião 
E sua grande paxão 
Uma caboca desse lugar 
 
Valei-me Padrinho Ciço 
Adescurpe meu São João 
Me perdoa São Longuinho 
Mais vou falar é de lampião 
Um cabra do nordeste 
Cangaceiro brabo da peste 
Das quebradas do sertão 
 
Lampião e Maria Bonita 
Esbarrarão nesse torrão 
Quis o destino assim 
Surgindo logo uma paxão 
Por isso neste moimento 
Falo desse ajuntamento 
Acontecido nesse chão 
 
Há arguns anos atrás
Reinava no meu sertão
Um cabra valente e famoso
Conhecido por Lampião 
Por donde ele passava 
O povo se assombrava 
Com medo do valentão 
 
No decorrer das andanças
Um fato maicou Lampião 
Incontrou Maria Bonita 
Fia de compadre serapião 
E dixe logo assim 
"Arrepare meu padim 
Que deusa do meu sertão" 
 
Pegando a mão de Maria
Lampião assim falou 
"Acho bão não fugir de mim
Minha bela, minha fror Quero vosmicê agora
Vou te levar embora 
Po lugar dadonde eu for 
 
"Era só o que me fartava"
Disse olhando para a porta
"Ser mulher de cangaceiro
Não serei nunca, nem morta" 
Lampião se envalentou 
Apontou um trabuco e falou 
"Voismi-cê vai, viva ou morta" 
 
E assim levou Maria 
O sanguinário Lampião 
Pra viver nas caatingas 
Usando armas e munição Temidos e respeitados 
Viveram embrenhados 
Nas matas do sertão 
 
Mais o destino um dia 
Uma peça lhes pregou 
Uma volante da poliça 
O bando enfrentou 
No estado de Sergipe 
João bezerra e sua equipe 
O bando de cangaceiro acuor
 
 27 de julho de 1938 
A força volante chegou Na fazenda angicos 
Onde o bando acampou 
E sem tempo de escapar 
Com a bala no mato a cortar 
O bando todo acabou 
 
Era o final de Maria Bonita 
E do destemido Lampião 
Que tiveram suas cabeças 
Cortadas por um facão 
Botadas no querozene 
Mode de maneira solene 
Ser mostrada a multidão 
 
Assim é a história contada 
Do cangaço no nordeste 
Uma região de tradição 
Que de cultura se veste Mode falar do cangaço 
Uso aqui esse espaço
Espero não me conteste
Lampião fez história
Hoje só in memória
Vive esse cabra da peste
               
Texto: Jatão Vaqueiro
 
 
 
 
 
 

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