VIDA E MORTE DE MARIA BONITA E LAMPIÃO
E o cangaço é cultura
Tradição e mistura
Do nordeste brasileiro
Sá minino preste atenção
Inscuite o meu versejar
Mode você num perder
Abra as urêia pra inscutar
Eu falando de lampião
E sua grande paxão
Uma caboca desse lugar
Valei-me Padrinho Ciço
Adescurpe meu São João
Me perdoa São Longuinho
Mais vou falar é de lampião
Um cabra do nordeste
Cangaceiro brabo da peste
Das quebradas do sertão
Lampião e Maria Bonita
Esbarrarão nesse torrão
Quis o destino assim
Surgindo logo uma paxão
Por isso neste moimento
Falo desse ajuntamento
Acontecido nesse chão
Há arguns anos atrás
Reinava no meu sertão
Um cabra valente e famoso
Conhecido por Lampião
Por donde ele passava
O povo se assombrava
Com medo do valentão
No decorrer das andanças
Um fato maicou Lampião
Incontrou Maria Bonita
Fia de compadre serapião
E dixe logo assim
"Arrepare meu padim
Que deusa do meu sertão"
Pegando a mão de Maria
Lampião assim falou
"Acho bão não fugir de mim
Minha bela, minha fror
Quero vosmicê agora
Vou te levar embora
Po lugar dadonde eu for
"Era só o que me fartava"
Disse olhando para a porta
"Ser mulher de cangaceiro
Não serei nunca, nem morta"
Lampião se envalentou
Apontou um trabuco e falou
"Voismi-cê vai, viva ou morta"
E assim levou Maria
O sanguinário Lampião
Pra viver nas caatingas
Usando armas e munição
Temidos e respeitados
Viveram embrenhados
Nas matas do sertão
Mais o destino um dia
Uma peça lhes pregou
Uma volante da poliça
O bando enfrentou
No estado de Sergipe
João bezerra e sua equipe
O bando de cangaceiro acuor
27 de julho de 1938
A força volante chegou
Na fazenda angicos
Onde o bando acampou
E sem tempo de escapar
Com a bala no mato a cortar
O bando todo acabou
Era o final de Maria Bonita
E do destemido Lampião
Que tiveram suas cabeças
Cortadas por um facão
Botadas no querozene
Mode de maneira solene
Ser mostrada a multidão
Assim é a história contada
Do cangaço no nordeste
Uma região de tradição
Que de cultura se veste
Mode falar do cangaço
Uso aqui esse espaço
Espero não me conteste
Lampião fez história
Hoje só in memória
Vive esse cabra da peste
Texto: Jatão Vaqueiro
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