quinta-feira, 31 de outubro de 2013
Piadas de Caipira
Zeca era o maior ladrão de galinhas de Munguengue. Certo dia, ele foi trabalhar, ou melhor, roubar, e tudo que ele encontrou foi um pinto.
— É a crise — resmungou ele — Vou levar esse pintinho mesmo! Daqui um tempo, o bicho cresce e eu faço um frango assado!
E pegou o pinto. Pra que ninguém testemunhasse sua decadência como ladrão, ele escondeu o bicho dentro da calça e pegou uma carona no carro do padre de volta pra casa.
A certa altura do trajeto, ele adormeceu e duas freiras sentadas perto dele, no jeep do padre, ficaram olhando para o moço. O pintinho, que já estava quase sufocado, tanto fez que conseguiu tirar a cabecinha pra fora da braguilha, entreaberta.
Assustada, a freira mais nova perguntou para a mais experiente o que estava acontecendo.
--Irmã... pelo amor de Deus o que é isso na calça desse moço??
-- Eu não entendo nada disso, mas tenho quase certeza que um dos ovos dele quebrou!
CORDEL SOBRE A SECA
NORDESTINO SOFRIDO PELA SECA
DO SERTÃO GOSTO DE FALAR
ESCRITO EM FORMA DE CORDEL
NAS LINHAS DESSE PAPEL
COLOCO MEU VERSEJAR
FALANDO DA MINHA TERRA
MEU CORAÇÃO LOGO BERRA
VOCÊ PODE ATÉ ESCUTAR
FALO DA ESTIAGEM
QUE ACABA A PAISAGEM
AQUI DO MEU LUGAR
SOU NORDESTINO AFAMADO
CABOCLO DA PELE GROSSA
COMIGO NÃO HÁ QUEM POSSA
CORRENDO NO MATO FECHADO
DEVOTO DE FREI DAMIÃO
DO PADRE CÍCERO ROMÃO
GOSTO DA FESTA DE GADO
DESDE CRIANÇA VAQUEIRO
CORRENDO NO TABULEIRO
EM MEU CAVALO MONTADO
JÁ DIZ O VELHO DITADO
"ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA
TANTO BATE ATÉ QUE FURA"
COMO MACHADO AFIADO
ASSIM É O GRANDE JATÃO
NÃO ARREDO PÉ DO SERTÃO
MESMO ELE ASSIM RESSECADO
SEM ÁGUA E SEM ALIMENTO
É GRANDE O SOFRIMENTO
O FARDO É MUITO PESADO
É TRISTE O DIA AMANHECER
SEM OUVIR BEZERRO BERRAR
DO CURRAL SÓ ESCUTAR
A PORTEIRA A RANGER
ABERTA ESCANCARADA
POR FALTA DA INVERNADA
QUE FAZ O GADO MORRER
MAIS SOU QUE NEM JUMENTO
MESMO COM ESSE TORMENTO
ESCOLHI AQUI PRA VIVER
O GALO DE CAMPINA SOME
A SERIEMA VAI EMBORA
NÃO FICA AQUI NEM CAIPORA
POR FALTA D'ÁGUA E FOME
ENTRISTECE A PLANTAÇÃO
SOME DO AÇUDE O CARÃO
SEM TER COMO MATA-FOME
ATÉ GALINHA DO TERREIRO
O GALO VELHO DO POLEIRO
SUMIU DA RAPOSA QUE COME
UM DIA JESUS VAI ESCUTAR
O GALO VELHO DO POLEIRO
SUMIU DA RAPOSA QUE COME
UM DIA JESUS VAI ESCUTAR
AS PRECES DESSE ROMEIRO
QUE DEBAIXO DE UM JUAZEIRO
REZA E VIVE A SUPLICAR
PELA CHUVA NO SERTÃO
PARA MOLHAR ESSE CHÃO
E O PASTO PODER BROTAR
ACABANDO COM A FOME
A SEDE QUE NOS CONSOME
E O CALOR DESSE LUGAR
A VIDA NO SERTÃO
NÃO É FÁCIL MEU SENHOR
NA SECA É UM HORROR
CHEIA DE PRECISÃO
CHORA A FAMÍLIA INTEIRA
POR NÃO VER NA PRATELEIRA
ARROZ, MILHO E FEIJÃO
FALTA ATÉ A QUALHADA
JANTA DA MOLECADA
QUE VIVE NESSE TORRÃO
“MAIS NÓS SEMO INSPRITADO
QUE NEM PREÁ DE BAXI
QUE NEM NÓS, NUNCA VI
HUMILDE, PORÉM ARRETADO
NÓS SOFRE QUE NEM A PESTE
MAIS NUM LAIGA O NORDESTE
SÓ SE FOR PRA SER ENTERRADO
MERMO ASSIM NO CAXÃO
BRIGO ATÉ COM O CÃO
PRA NÃO SER EMBURACADO
NÃO QUERO DEIXAR O SERTÃO
ESSA É A MORADA DE JATÃO
NASCI AQUI E FUI CRIADO”
TEXTO: JATÃO VAQUEIRO
CASAMENTO DE NAELSON

Arrepare meu padim
Naelson com a mão no coração
Parece que vai pifar
No meio da celebração
Se assegure camarada
A corda agora tá puxada
Dai você num corre não
Você pensa que é assim
Vivia enganando a patroa
Caso amanhã, caso depois
E fugia deixando ela atoa
Agora você tá pegado
E muito bem casado
Acabou a vida boa
Tá pensando o que moço
Quer fugir do altar??
A noiva manda uma viatura
Depressa lhe buscar
"Água mole em pedra dura
Tanto bate até que fura"
E agora você vai casar
Felicidades Naelson
No seu casamento
Este pequeno cordel
Fala do seu juramento
É muito bom casar
E Jesus vai abençoar
Seu comprometimento
Jurando nos pés do padre
Respeitar a vossa comadre
Sem nenhum arrependimento
FELICIDADES AMIGO
JATÃO VAQUEIRO
CANGAÇO NORDESTINO
VIDA E MORTE DE MARIA BONITA E LAMPIÃO
Sou matuto do sertão
Criado no taboleiro
Mas gosto da inducação
Mermo sendo um brejeiro
E o cangaço é cultura
Mermo sendo um brejeiro
E o cangaço é cultura
Tradição e mistura
Do nordeste brasileiro
Sá minino preste atenção
Inscuite o meu versejar
Mode você num perder
Abra as urêia pra inscutar
Eu falando de lampião
E sua grande paxão
Uma caboca desse lugar
Valei-me Padrinho Ciço
Adescurpe meu São João
Me perdoa São Longuinho
Mais vou falar é de lampião
Um cabra do nordeste
Cangaceiro brabo da peste
Das quebradas do sertão
Lampião e Maria Bonita
Esbarrarão nesse torrão
Quis o destino assim
Surgindo logo uma paxão
Por isso neste moimento
Falo desse ajuntamento
Acontecido nesse chão
Há arguns anos atrás
Reinava no meu sertão
Um cabra valente e famoso
Conhecido por Lampião
Por donde ele passava
O povo se assombrava
Com medo do valentão
No decorrer das andanças
Um fato maicou Lampião
Incontrou Maria Bonita
Fia de compadre serapião
E dixe logo assim
"Arrepare meu padim
Que deusa do meu sertão"
Pegando a mão de Maria
Lampião assim falou
"Acho bão não fugir de mim
Minha bela, minha fror
Quero vosmicê agora
Vou te levar embora
Po lugar dadonde eu for
"Era só o que me fartava"
Disse olhando para a porta
"Ser mulher de cangaceiro
Não serei nunca, nem morta"
Lampião se envalentou
Apontou um trabuco e falou
"Voismi-cê vai, viva ou morta"
E assim levou Maria
O sanguinário Lampião
Pra viver nas caatingas
Usando armas e munição
Temidos e respeitados
Viveram embrenhados
Nas matas do sertão
Mais o destino um dia
Uma peça lhes pregou
Uma volante da poliça
O bando enfrentou
No estado de Sergipe
João bezerra e sua equipe
O bando de cangaceiro acuor
27 de julho de 1938
A força volante chegou
Na fazenda angicos
Onde o bando acampou
E sem tempo de escapar
Com a bala no mato a cortar
O bando todo acabou
Era o final de Maria Bonita
E do destemido Lampião
Que tiveram suas cabeças
Cortadas por um facão
Botadas no querozene
Mode de maneira solene
Ser mostrada a multidão
Assim é a história contada
Do cangaço no nordeste
Uma região de tradição
Que de cultura se veste
Mode falar do cangaço
Uso aqui esse espaço
Espero não me conteste
Lampião fez história
Hoje só in memória
Vive esse cabra da peste
Texto: Jatão Vaqueiro
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