domingo, 8 de setembro de 2013

MÉDICOS CUBANOS

MAIS MÉDICOS NO NORDESTE


Vem gente de todo canto
No Brasil fazer de tudo.
Uns vêm para passear,
Outros, pra fazer estudo, 
Uns atrás de namorada,
Outros pra não fazer nada, 
É bastante o conteúdo. 

De toda parte vem gente
Para este chão soberano.
Em vista disso, é brutal,
Desonroso e desumano,
Esses protestos grosseiros
Feitos pelos brasileiros
Contra os médicos cubanos.

Setecentos municípios
Desta nação brasileira
Não têm um médico sequer,
Muitos nem têm enfermeira.
Sem ter pra quem apelar
Muitos vão se consultar
Com raizeiro ou parteira

As premissas de Hipócrates
Para muitos são lorotas.
Tem médico que se recusa
Passar por dentro de grotas,
E diz: - Não vou trabalhar
Naquele horrendo lugar
Que Judas perdeu as botas!

Pois já que os daqui desprezam
A nossa população,
Sem atender todo o mundo,
Como manda a profissão,
Foi necessário importar
Médicos de outro lugar,
E eu pergunto: “Por que não?!”

Assim, vamos ajudar
Da maneira mais decente,
Informando aos novos médicos
Como aqui se fala a gente
Acerca de anatomia,
Conforme este nosso guia
Que segue daqui pra frente

O crânio se chama quengo,
É onde fica a moleira,
O pau da venta e os beiços,
Caixa dos “zói”, ou viseira.
Tudo em riba do pescoço
Que pode ser fino ou grosso
Em cima da “Cantareira”

A íris, bila dos zói,
A coluna é espinhela,
Tem o osso do vintém
Bem no final da canela;
O rádio é cana do braço,
Cervical é espinhaço
E abdômen, titela.

Tem cobreiro, tem curuba,
Tem pereba, tem coceira.
Uma micose entre os dedos
A gente chama é frieira.
O paciente, coitado,
Diz que tá “todo enchanhado”
Com tosse, lepra e “gafeira”

Uma doença venérea
Chamam “doença do mundo”.
E toda a região glútea
A gente chama é de ‘fundo’.
A genitália é “as parte”,
Se o cabra “fizer um arte”
Sente um desgosto profundo

Às vezes chega um velha
Doente da “espinhela”,
Se queixando de “puxado”
E forte dor na titela,
Se não for tuberculose,
Na certa é uma virose
Com inflamação na “guela”.

Arievaldo Viana e Pedro Paulo Paulino

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