quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O LADRÃO PÉ DE CHINELO E O LADRÃO DE GRAVATA.

Eu quero aqui descrever,
As gritantes diferenças,
Do ladrão pé de chinelo,
Pelas suas imprudências,
E o tal ladrão de gravata,
Que escapa da chibata,
Mesmo nas incoerências.

O ladrão pé de chinelo,
Tá sempre de bolso vazio,
Enfurna-se nas favelas,
Seja no inverno ou estio,
Se roubar algum trocado,
Faz um bafafá danado,
Tem sua vida por um fio.

Já os ladrões de gravata,
Usam toda malandragem,
No meio das classes altas,
Não se apega a bobagem,
Rouba até sem por a mão,
Pra se tornar um tubarão,
Vivendo na grã-finagem.

O ladrão pé de chinelo,
Parece até ser azarado,
Pega qualquer porcarias,
Rouba até tênis rasgado,
Tem a cara de pamonha,
O bicho é sem vergonha,
E nunca se diz culpado.

Os ladrões engravatados,
Tem o patamar dos ricos,
Pouca coisa não lhe serve,
Para eles não tem fuxico,
Esses tais não levam peia,
Pra por esses na cadeia,
Precisa ser bom de bico.

O ladrão pé de chinelo,
Incrível mas é verdade,
Rouba do porco a galinha,
Até da própria irmandade,
Vive na borracha a sofrer,
Pelos seus trajes se ver,
Que ele não tem qualidade.

Não Hage de improviso,
O ladrão engravatado,
Analisam sempre o golpe,
E tudo é bem planejado,
Tá sempre de conta cheia,
Rouba e põe na cadeia,
O cara que foi roubado.

O ladrão pé de chinelo,
Chamam-no de marginal,
Se der bobeira é lixado,
Morre moído no pau,
Mesmo estando sumido,
Chamam ele de bandido,
Como atentado à moral.

Pro ladrão engravatado,
O roubo tem outro nome,
Além de roubar milhões,
Não vive passando fome,
É por muitos lisonjeado,
Embora estando errado,
Faz a pose de bom homem.

Viram todos a diferença,
Dessas duas criaturas,
Um vive na maré mansa,
O outro grande tortura,
Sejam bons, sejam ruins,
Tem os dois o mesmo fim,
Em cadeias ou sepultura.

FRAGUIMENTOS DO CORDEL DE:
Cosme B Araujo.

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