sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

A FOME MATA E MALTRATA O SER HUMANO

TRISTE CENÁRIO

Dói ver gente com fome
nesse país de fartura
muitos comendo lixo
nas mãos da amargura
o choro manchando a face
num rincão onde nasce
milho, feijão e doçura

É triste começar o dia
sem nada para comer
o semblante só declina
os olhos não querem ver
a boca fica vazia
com fome a mão esfria
melhor não amanhecer

Você vê o horizonte
e fica imaginando
as voltas que o mundo dá
aí,então, matutando,
nota que não tem sonho
é só mero ser bisonho
que a fome tá matando

Assim, desconcertado,
sem rumo feito zumbi
pó que o vento levanta
casca de abacaxi
é mais um dia de fome
um mendigo sem nome
que nunca irá sorrir

Quem tem pena de você
a figura esquecida
a mosca pisoteada
a sombra esmaecida
a floresta devastada
a fogueira apagada
a roupa toda puída?

A comida que lhe falta
sobra no lar do rico
vira resto de lixo
e resquícios no penico
lá ele tem fartura
mas você, na penúria,
é Zé, é Severino, é Chico

É triste esse cenário
lembra filme de terror
porque fome é horrível
é total falta de amor
parece tempestade
destruindo a cidade
provocando morte e dor

Por que a desigualdade
se somos todos iguais?
Mas o pobre é esquecido
nas convenções sociais
ninguém lhe dá atenção
é resto jogado ao chão
capacho dos maiorais

Nas esquinas pedintes
clamando por esmola
pelas ruas crianças
sem o norte da escola
todos passando fome
são figuras sem nome
riscos toscos da sola

Folhas farfalham tristes
aves cantam chocadas
nuvens se desencantam
com chuvas arrasadas
até a brisa lamenta
a terra não apascenta
bocas desamparadas

São eles nossos irmãos
conforme a cristandade?
Por que damos as costas
ao amor e à caridade?
Se nós pregamos amor
acabemos com o horror
da fome na cidade

Gilbamar de Oliveira Bezerra

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