VIDA DE PROFETA NO SERTÃO SEMIÁRIDO DO NORDESTE BRASILEIRO
O profeta sempre acredita que a tristeza pode ser convertida em alegria.
O profeta se distancia do meio do povo e firma o seu olhar ao céu,
inclinando o pescoço, sente o prazer de observar as formações das nuvens
e o tocar do vento em suas pernas, ascendendo todo seu corpo, em todos
os orifícios da epiderme. O profeta observa o sol, a lua, as estrelas, a
aflição dos animais, levando todas essas observações para o seu cérebro
e, daí, meditando e tirando suas conclusões meteorológicas.
O profeta do sertão sempre amanhece com aquela necessidade de renovar
suas esperanças e seus estudos meteorológicos. O profeta acredita na
construção da casa do joão de barro, acredita no castigo e no milagre
também. Segundo o profeta, o castigo não é nada de rancor de Deus com o
homem, mas apenas um corretivo. O profeta fica
entusiasmado, contente e encantado com o homem do rádio ao cantar o
refrão da música: "A Triste Partida", sublime composição poética de
Patativa do Assaré, interpretada pelo nosso profeta maior LUIZ GONZAGA.
Seguindo outras profecias, o profeta, o poeta pergunta: cadê o
chocalho? Cadê o berro? Cadê os bichos de caça? Cadê os cânticos dos
pássaros? Ao sentar as nádegas sobre uma rocha de granito super aquecida
em uma curva do morto Rio trapiá, com apenas um saco de estopa sobre
sua cintura pélvica, o mesmo de antes, e, ao observar o movimento das
borboletas de diversos tamanhos e cores o profeta diz: os homens não
merecem, mas por outras razões, as conversões meteorológicas vão
acontecer e vai chover no sertão.
José Roberto de Sá. Natural
de São José da Lagoa Tapada (PB). Engenheiro Agrônomo (UFPB). Doutor em
Nutrição de Solos (ESAL). Poeta e Escritor. Autor do livro “A Química do Pensar”, publicado pela Fundação Vingt-un Rosado/Coleção Mossoroense..
Via: isaacarawjo.blogspot.com.br
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