‘Primeira coisa que faria era tomar um banho bem tomado’, sonha sertaneja
O Dia Internacional da Água foi comemorado dia (22) de março.
O
Bom Dia Brasil da TV GLOBO mostrou como vivem brasileiros que dão um enorme valor a água. Vivendo sem água na torneira, sem chuveiro. Até para beber e fazer
comida, ela é racionada.
A equipe saiu de São Paulo, parou no Recife e de carro foi até o
sertão de Pernambuco, na cidade de Santa Cruz da Venerada. Mais de 3,7
mil quilômetros de viagem para conhecer a família de dona Delmindi. Ela
sobrevive diariamente com muito menos água do que a maioria usa para
tomar um banho.
O Mandacaru não dá sinal nem de flor, nem de chuva. A natureza se
espreme, ressecada, emaranhada, adormecida, no sertão de Pernambuco.
Dona Delmindi, como uma planta do sertão, aprendeu a armazenar a pouca
água que cabe a ela e assim conseguir atravessar estes tempos em que o
céu não traz promessa de chuva, a terra não germina novos grãos e os
rios viram poeira.
Uma caneca de água é suficiente para a higiene da manhã. Com o
pouquinho de água, ela consegue lavar o rosto e até o cabelo. Depois faz
o café enquanto o marido e o neto vão tirar o leite das cabras para
fazer o cuscuz. Na cisterna, único reservatório de água para beber, a
água está no fim, só três palmos lá no fundo. “Só dura, se muito durar,
esse mês”, afirma ela.
Todos os dias o neto Luzivan tira da cisterna 13 litros de água e
leva para a avó na cozinha. Dona Delmindi conta que a água levada
precisa dar para cozinhar o arroz e o feijão – do almoço e do jantar.
“Para lavar a louça também”, completa.
Para não esvaziar a cisterna, Luzivan vai até um açudezinho, que a
cada dia fica menor, pegar mais um balde de água. Uma das noras de dona
Delmindi também vai até lá pegar água e leva Aninha, a netinha de dois
anos. Aos 39°C no sertão.
Ela conta que a água é para tomar banho e dar banho na filha. A água não é limpa. “Nós até bebemos dela”, diz.
http://www.nacaonordestina.org
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