Jornada Memorável Por:Archimedes Marques
Archimedes Marques contra o Mata Sete, na bela Piranhas
Partindo de Aracaju direto
para a cidade de Paulo Afonso no dia 27 de julho de 2012, no intuito de
prestigiarmos o lançamento do livro “Centenário de Luiz Gonzaga e a passagem do
Rei do Baião em Paulo Afonso” do amigo e escritor João de Sousa Lima, eu e a
minha companheira Elane Marques, em noite chuvosa (mesmo com estrada ruim no
lado alagoano) chegamos ao destino. Naquela noite, além do lançamento do livro,
o município de Paulo Afonso prestava homenagem ao grande e inesquecível Luiz
Gonzaga, homenagem esta que se estendeu por mais alguns dias naquela cidade baiana
que tanto encanta a todos, entretanto, o nosso objetivo, era também
prestigiarmos no dia seguinte o lançamento do livro “Maria do Sertão” do amigo
Alcino Alves Costa, em Poço Redondo, depois de visitarmos a cidade de Piranhas
nas Alagoas e de lá em navegação pelo caudaloso “Velho Chico” irmos para a
grota de Angico nas terras de Sergipe, mais de perto, para assistirmos mais uma
vez a famosa missa campal do cangaço rezada pelas almas dos cangaceiros mortos
em 28 de julho de 1938, dentre os quais, Lampião e Maria Bonita, além do
soldado Adrião, em suposto combate com a tropa volante do Tenente Bezerra que
praticamente pôs fim a era cangaceira no nosso querido chão nordestino.
"Altar das Cabeças" nas escadarias da Prefeitura de Piranhas em 1938
Em rápidas pinceladas, é bom
lembrar que Piranhas ficou nacionalmente e até internacionalmente conhecida por
ser a cidade onde as cabeças de Lampião, da sua amada Maria Bonita e de mais
nove cangaceiros ficaram expostas após decapitação feita na grota de Angico em
Sergipe pela polícia volante comandada pelo então Tenente Bezerra da força
alagoana no dia 28 de julho de 1938. Em Piranhas também foi rodado o filme Baile Perfumado, com o mesmo tema do
cangaço e que retrata principalmente a trajetória do libanês Benjamim Abrahão
Botto, responsável pelo registro iconográfico do cangaço, sendo a única
pessoa a filmar ações do bando de Lampião. No museu da cidade pode ainda ser
visto, dentre outros petrechos do cangaço, várias fotos do famoso bandido
Lampião e seus asseclas, inclusive a famosa foto que mostra o empilhamento das
cabeças na escadaria da prefeitura do município que terminou correndo o mundo.
Inacinha e Gato
Piranhas também foi palco do
combate que pôs fim a trajetória bandida do sanguinário cangaceiro Gato.
Sabedor que a sua companheira Inacinha tinha sido presa pela polícia e
conduzida para a sede da cidade, Gato que era chefe de um dos subgrupos de
Lampião procurou ajuda e induziu Corisco, outro grande chefe de cangaceiros, a
atacar Piranhas. Entretanto, usando da sua experiência e até sensatez, Corisco
achou a ação muito perigosa, vez que, além de tudo a cidade era sede de polícia
volante.
Desesperado e alucinado de ódio Gato não ponderou, não viu a razão,
não quis ouvir as advertências do amigo, agindo somente pela emoção, e assim
disse que partiria de qualquer jeito para a ação de resgate a sua querida Inacinha.
Corisco, por sua vez, em solidariedade ao amigo e para não se sentir um covarde
acabou aceitando a empreitada. O momento não era propício, e com isso Lampião,
ao saber dessa desastrada ação, não gostou nem pouco, porque sabia muito bem de
todos os riscos que os seus amigos comandados iriam correr, mas já era tarde,
não havia mais como impedi-los, não havia mais tempo de convencer Gato que ele
estava errado. Assim, no dia 28 de setembro de 1936, os dois grupos partiram
para o resgate. Gato também tinha como plano estratégico sequestrar a esposa do
sargento João Bezerra que residia em Piranhas para posteriormente fazer uma
troca com Inacinha.
cariricangaco.blogspot.com.br
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