Peço a virgem Maria
Que me traga espiração
Pra me falar do meu tempo
De criança nesse sertão
Onde tudo era alegria
E a criança aqui vivia
Humilde e de pé no chão
Quando eu era criança
Brincava com um cavalo
Mais não era de verdade
Era aquele feito de talo
Correndo no tabuleiro
Dizendo que era vaqueiro
Do chicote ouvia-se o estalo
No terreiro da fazenda
No terreiro da fazenda
Jogava com um pinhão
Enrolado com uma linha
Arremessava ele no chão
E fazendo estripulia
Puxava a linha e dizia
"Vou aparar agora na mão"
Grande era a boiada
Grande era a boiada
Que eu tinha no curral
Feita de osso de boi
Parecia que era real
O touro a vaca e o bezerro
Eu digo e não tem erro
Tinha até raça era semental
Tomava banho de rio
Tomava banho de rio
E jogava capoeira
Tirava areia do porão
Nadava até a barreira
Pescava com landuar
Trairá, curimatã e carar
E assava na fogueira
Montava jumento brabo
Dando coice a pular
Correndo no tabuleiro
E peidando pra danar
Só parava quando caia
Chega a poeira cobria
E ele começava a relinxar
De carroça eu passeei
Nas veredas do sertão
Na segunda vinha a feira
Comprar meia dúzia de pão
E de carroça ainda ia
Visitar uma velha tia
Lá na fazenda São João
Tomava leite no curral
Dos peitos da vaca roxa
Separava os bezerros
Das vacas que era moxa
Com o touro me enganei
E veja o que eu ganhei
Um coice bem na coxa
E assim era minha vida
Nas quebradas do sertão
Acordando bem cedo
Pegando o sol com a mão
Do meu tempo de criança
Agora só resta lembrança
E a saudade no coração
Diferente de hoje em dia
Que criança não brinca mais
Com osso de boi e pinhão
Isso agora ficou pra trás
Brincando de ferrorama
Gastando uma dinheirama
Tudo pago pelos pais
E é como eu vos digo
Nas linhas desse cordel
Eu era feliz e não sabia
Brincando com barco de papel
Hoje o grande Jatão
Só ver na televisão
Uma realidade cruel
A marginalização de criança
Que não tem mais esperança
De ser doutor e ter anel.
Texto: Jatão Vaqueiro
Tirava areia do porão
Nadava até a barreira
Pescava com landuar
Trairá, curimatã e carar
E assava na fogueira
Montava jumento brabo
Dando coice a pular
Correndo no tabuleiro
E peidando pra danar
Só parava quando caia
Chega a poeira cobria
E ele começava a relinxar
De carroça eu passeei
Nas veredas do sertão
Na segunda vinha a feira
Comprar meia dúzia de pão
E de carroça ainda ia
Visitar uma velha tia
Lá na fazenda São João
Tomava leite no curral
Dos peitos da vaca roxa
Separava os bezerros
Das vacas que era moxa
Com o touro me enganei
E veja o que eu ganhei
Um coice bem na coxa
E assim era minha vida
Nas quebradas do sertão
Acordando bem cedo
Pegando o sol com a mão
Do meu tempo de criança
Agora só resta lembrança
E a saudade no coração
Diferente de hoje em dia
Que criança não brinca mais
Com osso de boi e pinhão
Isso agora ficou pra trás
Brincando de ferrorama
Gastando uma dinheirama
Tudo pago pelos pais
E é como eu vos digo
Nas linhas desse cordel
Eu era feliz e não sabia
Brincando com barco de papel
Hoje o grande Jatão
Só ver na televisão
Uma realidade cruel
A marginalização de criança
Que não tem mais esperança
De ser doutor e ter anel.
Texto: Jatão Vaqueiro
Adoro cordel! Adorei esse sobre a infância sertaneja! Eu também vivi essa infância, como menina, mas muito parecida, mas além desses brinquedos tive: caçada de lagartixa com a espingarda de madeira; boneca esculpida em madeira; corrida de catavento; casa de palha e quizungue, além de outros que só havia na roça.
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