Justiça decreta desapropriação do Jatobá
Criança da comunidade Jatobá, área quilombola desapropriada para reforma agrária |
A
Justiça Federal do Rio Grande do Norte, com o parecer favorável da
Procuradoria da República, decidiu pela desapropriação de mais um imóvel
rural na localidade Jatobá, região norte do território de Patu, para
fins de reforma agrária. Esta foi a oitava Ação de desapropriação
formulada pela Procuradoria Federal Especializada do Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para instituir o Quilombo
Jabotá.
A
ação visa ao pagamento da terra e de benfeitorias feitas por oito
famílias não-quilombolas que moram há vários anos na região demarcada
por meio de comprovação de depósito. O passo seguinte é de imissão de
posse, que deverá ser despachado pelo juiz nos próximos dias. Após o ato
de imissão de posse, o Incra fica autorizado a titular as 30 famílias
moradoras de Jatobá, que vivem e trabalham em 219 hectares de terra.
A comunidade de Jatobá se definiu como quilombola em 2004. Neste ano, o
Incra abriu processo para demarcação e titulação das terras ocupadas
pelos seus moradores. Parte importante do documento é o relatório
técnico de identificação e delimitação (RTID), documento composto pelo
relatório antropológico, cadastro das famílias quilombolas, levantamento
fundiário da região, planta e memorial descritivo do território.
Os moradores da comunidade Jatobá são descendentes de Manoel e
Raymunda. De acordo com estudo antropológico feito na região, Manoel era
filho da escravizada Vicência e Raymunda tem origem indígena. Os
descendentes deste casal foram morar no sítio Jatobá, onde casaram e
tiveram filhos. Segundo registro cartorial do município de Patu, eles
moram no imóvel há mais de 100 anos. Neste período construíram
benfeitorias como casa, curral e cercas. Desde os primeiros moradores
até hoje, vivem da agricultura, com o cultivo de milho, feijão e
mandioca. Também criam animais de pequeno porte e algumas vacas
leiteiras.
OUTROS QUILOMBOS
No Rio Grande do Norte existem cerca de 60 comunidades quilombolas, de
acordo com estudo da Fundação Palmares. Destas, 20 se reconheceram como
tal. Com processo de reconhecimento, demarcação e regularização de áreas
quilombolas sete comunidades encontram-se com ação em tramitação no
Incra. São as comunidades de Jatobá (Patu), Acauã (Poço Branco), Boa
Vista dos Negros (Parelhas), Capoeiras (Macaíba), Macambira (Lagoa
Nova), Sibaúma (Tibau do Sul) e Aroeiras (Pedro Avelino). Entre as
comunidades que não estão em processo de reconhecimento, estão o Pêga e
Arrojado, em Portalegre.
FONTE: JORNAL DE FATO / ODBNews.com
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