terça-feira, 30 de agosto de 2011

ALVORADA NO SERTÃO
O ACORDAR DO SOL
É GRANDE DIVINDADE
DESPERTANDO O POVO
COM NATURALIDADE
QUE COMEÇAM A LUTAR
APÓS O DIA RAIAR
NO CAMPO E NA CIDADE

SURGINDO POR TRÁS DA SERRA
COM A COR AMARELADA
UM BRILHO CONTAGIANTE
QUE ILUMINA A MORADA
DO CAMPONÊS AGRICULTOR
CABOCLO TRABALHADOR
QUE LEVANTA DE MADRUGADA

O GALO CANTA NO POLEIRO
FAZENDO ALVORADA
LOGO QUE AMANHECE
NA SECA OU NA INVERNADA
COM UM GRITO ESTRIDENTE
ACORDA TODA GENTE
QUE AINDA TA DEITADA

A VACA BATE O CHOCALHO
PRESA LA NO CURRAL
É HORA DA ORDENHA
DO LEITE BEM NATURAL
TIRADO PELO VAQUEIRO
COM A LUZ DO CANDEEIRO
ILUMINANDO O LOCAL

MARIA FERVE UM CAFÉ
NO FOGÃO DA CASINHA
FORTE E AMARGO
COMO ÁGUA DE CABACINHA
NUM BULE ENFERRUJADO
E UM PANO VELHO RASGADO
QUE ELA TEM NA COZINHA

AS GALINHAS CACAREJAM
QUANDO DESSEM DO POLEIRO
ATRÁS DE BOTAR OVO
NO MEIO DO TABULEIRO
CORRENDO E CISCANDO
APROVEITANDO E CAGANDO
NA PORTA DO VAQUEIRO

MARIA VARRE O TERREIRO
COM VASSOURA DO MATO
ENCHE OS POTES DA COZINHA
DEPOIS LAVA OS PRATOS
COM ÁGUA DO CACIMBÃO
BOTADA EM UM GALÃO
POR UM CABOCLO MULATO

O AMANHECER DO DIA
AQUI NO MEU NORDESTE
SÓ AGUENTA CABRA ARRETADO
QUE HONRA AS CALÇAS QUE VESTE
ACORDANDO DE MADRUGADA
AO CANTAR DA PASSARADA
EITA!! VAQUEIRO DA PESTE

EU GOSTO DESSA VIDA
DE ACORDAR CEDO NO SERTÃO
TOMAR CAFÉ QUENTE
ENCOSTADO NO FOGÃO
COM O RÁDIO LIGADO
E BEM SINTONIZADO
NO PROGRAMA DE JATÃO

PADIM EU SOU NORDESTINO
FILHO DE UMARIZAL
DESDE O TEMPO DE MENINO
ESSE É MEU NATURAL
QUEM GOSTA DAQUI NÃO ERRA
ADORO ESSA TERRA 
DE MANEIRA ESPECIAL
SOU CRIA DO SERTÃO
O MEU NOME É JATÃO
E ISSO NÃO ME FÁZ MAL

                       TEXTO: JATÃO VAQUEIRO

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