quarta-feira, 2 de julho de 2014

OPINIÃO DE SEU LUNGA SOBRE A COPA

Homem mais ignorante do Brasil diz que Copa "não leva ninguém pra frente"
Seu Lunga não gosta de qualquer tipo de jogo. Nem festa nem bebida. Ou seja, ele detesta a atual algazarra em torno da Copa do Mundo. "Não gosto de jogar nada: só jogo pedra", corta o senhor octagenário que ganhou há quatro décadas o título de "o homem mais ignorante do Brasil" depois que seu mau-humor saiu das ruas de Juazeiro do Norte (CE) para os cordéis, as TVs e as internetes do Nordeste e do Brasil afora.

"Futebol só coloca o sujeito para trás. Serve para tirar dinheiro dos bobos e dar para os espertos. Essa Copa é a maior prova que jogo não leva ninguém pra frente", critica o vendedor de sucata Joaquim dos Santos Rodrigues, que nunca jogou futebol e foi só uma única vez a um estádio de futebol.

Sua notoriedade começou em 1983 com a publicação do cordel "As Histórias de Seu Lunga – o Homem mais Zangado do Mundo". O autor, Abraão Batista, coletou os casos contados no sertão sobre o comerciante sem paciência. Com um pouco de invencionice, o cordelista criou um personagem que entrou para o folclore nordestino.

Foi tamanho o sucesso de vendas que, a partir dessa obra, surgiram outros 77 títulos de 39 cordelistas diferentes, com títulos como "Discussão do Seu Lunga com um Corno", "Seu Lunga na Fila do INSS", "Seu Lunga, Tolerância Zero", "A carta de Seu Lunga para FHC sobre o Apagão" e "Seu Lunga, um caipira na ONU".

A fama é tanta que muita gente acha até que ele é apenas um personagem fictício. E quem descobre que Seu Lunga é uma lenda viva (de carne, osso e muita acidez) coloca logo uma visita ao seu comércio no roteiro se passar por Juazeiro do Norte. Por lá, ele vende de tudo, de melancia colhidas de seu sítio até TV valvuladas.

Seu Lunga tem até bastante paciência com os forasteiros. Muitos, temerosos, ficam na calçada em frente e fotografam de longe. Outros se arriscam e puxam prosa. Só não pode falar "vim lhe visitar" que ele dispara: "Eu não estou doente para receber visita".
Seu Lunga tinha sete anos quando Padre Cícero morreu. E, como o pároco milagreiro que fundou Juazeiro do Norte, virou político e foi expulso da igreja católica, ele vai sobreviver a sua própria morte pela fama. Só não vai ganhar um estádio em homenagem como o Romeirão, o principal de Juazeiro e com título em referência aos milhares de romeiros que vão à cidade do "Padim Ciço". Afinal, um estádio chamado Lungão seria a última e maior ofensa para um sujeito que não suporta futebol.

Do UOL, em Juazeiro do Norte (CE)
http://gardeniaoliveira.blogspot.com.br/

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