Em alguns arraiais do interior nordestino, quando morria alguém, costumavam buscar o caixão na cidade vizinha, de caminhão.
Certa feita, vinha pela estrada um caminhão com sua lúgubre encomenda, quando um pescador fez sinal, pedindo carona. O motorista parou.
- Se você não se incomodar de ir na carroceria, junto do caixão, pode subir.
O pescador disse que não tinha importância, que estava com pressa de voltar para casa - isto porque tinha vindo pescar sem avisar a esposa. Agradeceu e subiu na carroceria. E a viagem prosseguiu.
Nisto começa a chover. O pescador, não tendo onde se esconder da chuva, vendo o caixão vazio, achou melhor deitar-se dentro dele, fechando a tampa para melhor abrigar-se. Com o balanço da viagem, logo pegou no sono.
Mais na frente, outra pessoa pediu carona. O motorista falou:
- Se você não se importa de viajar com o outro que está lá em cima, pode subir.
O segundo homem subiu no caminhão. Embora achasse desagradável viajar com um defunto num caixão, era melhor que ir a pé para o povoado.
De tempos em tempos, novos caronas subiam na carroceria, sentavam-se respeitosos, em silêncio, em volta do caixão, enquanto seguiam viagem.
Avizinhando-se do arraial, ao passar num buraco fundo da estrada, um tremendo solavanco sacode o caixão e desperta o pescador dorminhoco que se escondera da chuva dentro dele.
Levantando devagarinho a tampa do caixão e pondo a palma da mão para fora, fala em voz alta:
- Será que já parou a chuva?
Foi um corre-corre dos diabos. Não ficou ninguém em cima do caminhão. Dizem que tem gente correndo até hoje.
Certa feita, vinha pela estrada um caminhão com sua lúgubre encomenda, quando um pescador fez sinal, pedindo carona. O motorista parou.
- Se você não se incomodar de ir na carroceria, junto do caixão, pode subir.
O pescador disse que não tinha importância, que estava com pressa de voltar para casa - isto porque tinha vindo pescar sem avisar a esposa. Agradeceu e subiu na carroceria. E a viagem prosseguiu.
Nisto começa a chover. O pescador, não tendo onde se esconder da chuva, vendo o caixão vazio, achou melhor deitar-se dentro dele, fechando a tampa para melhor abrigar-se. Com o balanço da viagem, logo pegou no sono.
Mais na frente, outra pessoa pediu carona. O motorista falou:
- Se você não se importa de viajar com o outro que está lá em cima, pode subir.
O segundo homem subiu no caminhão. Embora achasse desagradável viajar com um defunto num caixão, era melhor que ir a pé para o povoado.
De tempos em tempos, novos caronas subiam na carroceria, sentavam-se respeitosos, em silêncio, em volta do caixão, enquanto seguiam viagem.
Avizinhando-se do arraial, ao passar num buraco fundo da estrada, um tremendo solavanco sacode o caixão e desperta o pescador dorminhoco que se escondera da chuva dentro dele.
Levantando devagarinho a tampa do caixão e pondo a palma da mão para fora, fala em voz alta:
- Será que já parou a chuva?
Foi um corre-corre dos diabos. Não ficou ninguém em cima do caminhão. Dizem que tem gente correndo até hoje.
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