quinta-feira, 31 de julho de 2014

CORDEL

EU TENHO PENA DE MIM
Eu tenho pena de mim…
Por ter sido um sonhador,
Por lutar por nosso povo
Que ainda é tão sofredor,
Por ter sempre batalhado
Por justiça, com pudor.

Por sempre compactuar
Com a honra e a honestidade…
Por querer que nosso povo
Primasse pela verdade
E por vê-lo enveredar
Pela desonestidade.

Eu tenho pena de mim…
Por ter feito parte um dia
De uma era que lutou
Em prol da democracia.
Por sonhar com a liberdade
Que pra seus filhos queria.

Eu tenho pena de mim…
Por entregar, simplesmente,
A derrota das virtudes
Nas mãos dos filhos da gente,
Pra se julgar a verdade
Com insensatez, somente.

Por permitir que a família,
Seja negligenciada
Pensando apenas no “eu”
De forma demasiada
E na tal “felicidade”
A qualquer custo, buscada.

Buscada pelos caminhos
Eivados de desrespeito
Para com o nosso próximo
E ainda “encher o peito”…
Esquecendo que existe
Essa palavra: respeito.

Eu tenho pena de mim…
Por tanta passividade.
Por não despejar meu verbo,
Indo em busca da verdade,
A tantas desculpas dadas
Pelo orgulho e vaidade.

Eu tenho pena de mim…
Por fingir não escutar
A tantos “floreios” feitos
Para se justificar,
Tantos atos criminosos
Que costumam praticar.

A falta de humildade
Para se reconhecer
Um erro já cometido
Fingindo desconhecer
Que aquele erro brutal
Tenha feito outro sofrer.

E também a relutância
Em não querer mais lembrar
Da antiga posição
Insistente em “contestar”,
Sem querer voltar atrás,
Para o futuro mudar.

Eu tenho pena de mim…
E isso me faz sofrer,
Pois faço parte de um povo
Que estou sem reconhecer,
E o vejo ir por caminhos
Que eu nunca quis percorrer…

Eu tenho pena de mim…
Por ver a minha impotência,
A minha falta de garra,
O meu cansaço e demência…
E as minhas desilusões
Para viver com decência.

Não tenho para onde ir
Porque amo esse meu chão
E vibro ao ouvir seu Hino
Que é meu de coração
E representa essa terra
Que eu tenho como Nação.

Mas jamais minha Bandeira
Eu usei para enxugar
As lágrimas desse meu rosto,
Quando tive que chorar,
Por ver as futilidades
No meu país avançar.

E ao lado dessa tristeza
Que me deixa tão ordeiro,
E dessa pena de mim
Que enrubesce o corpo inteiro…
Eu tenho pena de ti,
Nobre povo brasileiro.

Que só vê as nulidades
Sem virtude, triunfar…
Que sempre vê a desonra,
Dentre os homens, prosperar
E também a injustiça
Cada vez mais aumentar.

E por ver nas mãos dos maus,
Em detrimento do resto,
O Poder agigantar-se
Sem haver nenhum protesto,
Rir-se da honra e ter
Vergonha de ser honesto!
Ismael Gaião

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