segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

FARINHADA NO NORDESTE

Sabe o que vou pedir hoje?
Luz a Frei Damião
Pra falar mais uma vez
Das coisas do meu torrão
Quero falar da farinha
Amarela ou branquinha
Iguaria do meu sertão

Quem nunca comeu farinha
Não é aqui do Nordeste
Nem trabalhou na roça
Quero que me conteste
Pois farinha e rapadura
No sertão é a mistura
Do famoso cabra da peste

Pode se comer a farinha
Pura ou misturada
Com buxada de bode
Ou com vaca atolada
Bom também é no feijão
Cozinhado com chambão
Eita que mistura danada

Vaqueiro leva no bornal
Quando sai pra campear
Misturada com carne seca
Ele come devagar
Embaixo de um juazeiro
No meio do Tabuleiro
Com um cachorro a farejar

Farinha também é bom
Quando é feito o pirão
Da costela do boi
Ou pode ser da mão
Pirão com macacheira
Ou de galinha capoeira
Também é bom meu patrão

Quero falar um pouco
Das grandes farinhadas
Que existe no sertão
Durante as temporadas
Da fartura de mandioca
 Boas e sem broca
Depois das invernadas

Começa cedo a luta
Logo de madrugada
Mulher raspa a mandioca
No chão ali sentada
Depois passa na peneira
Feita de arame e madeira
Pra ficar bem preparada

Logo vai ser espremida 
Depois será bem torrada
 Com um caboclo mexendo
Pra ficar bem misturada 
Branca ou amarela
Todo mundo gosta dela
Depois de preparada

Quando eu era criança
Já fui uma farinhada
Na serra de Portalegre
Acordei de Madrugada
Pra ver o movimento
Dos lotes de jumento
Numa luta danada
Carregando a mandioca
De fazer beiju e tapioca
Pra dar de comer a negada 

Gosto da tapioca
Mais ainda do beiju
Como farinha seca
Ou feito farofa com nambu
Como farinha com feijão
Ou mesmo como pirão
Do osso do mucumbu
Meu nome é Jatão
Sou cria desse sertão
Terra do mandacaru

                    Texto: Jatão Vaqueiro 

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