quarta-feira, 6 de junho de 2012

Matuto do meu Sertão

matuto eu conheço pelo ajeitado do chapéu
matuto eu conheço pelo carregar do matulão
matuto eu conheço pelo olho que olha pro céu
matuto eu conheço pela pisada do pé no chão
pela fé que ele tem em nosso senhor
pela paz bem guardada no seu coração
pela crença incontida que tem no amor
pelo jeito tão sincero de apertar a mão
todo dinheiro vale menos que o fio do seu bigode
ele fala 'pro mode' mas sabe mais do que qualquer doutor
no terreiro do seu peito tem fartura de felicidade
plantação de amizade, colheitas de amor

matuto eu conheço pelo caminho que estradou
matuto eu conheço quando escuta um baião
matuto eu conheço quando canta o fogo-pagou
matuto eu conheço pelo amor que tem pelo sertão
pelo ombro largo sempre a amparar
pela mesa que sempre cabe mais um
pela coragem grande que tem pra lutar
pelo braço forte sem medo nenhum
Xico Bezerra

Um comentário:

  1. SER TÃO BOM
    Seu moço eu sou da roça, no meio do sertão criado, vendo tudo de bonito, o pasto cheio de gado a lavoura prometendo safra de bom resultado.
    O orvalho molhador de manhã logo cedinho, na descida pro curral pra tirar nosso leitinho, deixava o mato mais belo e bem florido o caminho.
    A paisagem do sertão por si só é uma poesia, é de fato bela visão sagrada fotografia, que a cada raiar do sol, Deus revela todo dia.
    O dia amanhece bonito, a terra toda orvalhada, fumaça na chaminé, a comida preparada, quem nunca viu não conhece essa vida abençoada.
    Coalhada cuscuz aipim, tapioca bolo de milho, carne seca com farinha chega aos olhos dá brilho, Vê nossa mesa enfeitada com o olhar do nosso filho.
    Galo canta no terreiro, galinha cisca no monturo, bode berra no chiqueiro nesse som eu me misturo e vivo sorrindo a toa nesse meu sertão seguro.
    Enxada foice martelo, grampo para consertar uma cerca por ali, a gente tem que ajeitar carpindo com alegria e o nosso roçado limpar.
    Vem ver de pero seu moço, o que é felicidade ver crescer o que se planta pra sustentabilidade coisas que você não ver na sua grande cidade.
    Tua roça é o Ceasa, entreposto de mercadoria que quando chega à feira, aumenta à carestia, tu comes tudo envenenado te matando dia após dia.
    Se tiver tempo um dia, venha cá no meu sertão, tudo que aqui é plantado é feito com o coração, é tudo bem natural e agrotóxico não tem não.
    Batata, coentro, cebola, alface e almeirão, sinta o gosto da terra, da força que vem do chão, que dá rigor e saúde ao (caboco) deste sertão.
    Falar do chão e da terra, do sol da chuva, do vento, da brisa que nos envolve, sem poluição nem tormento é desse jeito que vivo, saudável a todo o momento.

    Carlos Silva – poeta cantador Cipó – Bahia.
    cscantador@gmail.com
    (75) 99838 5777

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