sexta-feira, 25 de novembro de 2011

RETRATO DA SECA NO SERTÃO NORDESTINO

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 QUANDO É SECO NO NORDESTE
É TRISTE A SITUAÇÃO
CABOCLO CABRA DA PESTE
ENCHE DE TRISTEZA O CORAÇÃO
  VENDO A MULHER E OS FILHOS
PASSANDO PRECISÃO.

A PASSARADA NÃO CANTA
FICA TRISTE A VACÁRIA
SERTANEJO OLHA PARA O CÉU
E FAZ A SUA PROFECIA
MESMO QUE SEJA SECO
MAIS ELE AINDA CONFIA

AJOELHADO PEDE A SÃO JOSÉ
CHUVA PRO NOSSO TORRÃO
PRA ACABAR A ESTIAGEM
AQUI DO NOSSO SERTÃO
REZANDO AO PADROEIRO
COM MUITA DEVOÇÃO

EM ÉPOCA DE SECA 
O AÇUDE RACHA A LAMA
O PEIXE IMPONENTE MORRE
É GRANDE O NOSSO DRAMA
O GADO MORRE DE FOME
POIS NÃO TEM MAIS A RAMA

MENINO BOTA ÁGUA 
NO LOMBO DE UM JUMENTO
BEM CEDO ENCHE OS POTES
É GRANDE O SOFRIMENTO
VAI BUSCAR COM AS ANCORETAS
NA CACIMBA DE ZÉ BENTO

NÃO CANTA A ASA BRANCA
DESAPARECE O SABIÁ
TRAZENDO A DESVENTURA
AO SERTANEJO QUE VAI ARRIBAR
INDO EMBORA DO SERTÃO
PRA NUNCA MAIS VOLTAR

UMA GRANDE SECA CASTIGA
O SOFRIDO AGRICULTOR
QUE VÊ O GADO MORRENDO
E ENCHE O CORAÇÃO DE DOR
VENDO A CAATINGA CHEIA
DE PODRIDÃO E FEDOR

OS FILHOS PASSAM FOME
A MULHER CHORA DE AFLIÇÃO
É GRANDE O DESESPERO
DAS FAMÍLIAS DO SERTÃO
EITA POVO SOFREDOR
AQUI DO NOSSO GROTÃO.

MAIS NÓS VAI VIVENDO ASSIM

NESSA PELEJA MEDONHA

ESPERANDO QUE SÃO JOSÉ

MANDE A CHUVA QUE SE SONHA

PRA ACALMAR O SERTANEJO

  MESMO  QUE CEDO OU TARDONHA
                       
                                   TEXTO: JATÃO VAQUEIRO

Nenhum comentário:

Postar um comentário