Briga ruim e briga boa | |
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Em briga não se evita
A ponta de uma peixeira
Ou se estribucha no chão
Ou dispara na carreira
Briga feia é a de foice
Arranca rabo e decepa
Não fica um cristão inteiro
Todo ele se estrepa
Briga danada é de mulher
Arrepia só de ver
Não fica um cabelo em pé
Na hora do trelelê
Briga de menino é futrica
De zoeira sem tamanho
É ensaio de marica
Numa roda de estranhos
Briga feia é no escuro
Que não se vê o estrago
É feito mesa de jogo
Que não se acha o baralho
Só se vê o alvoroço
O tropeço do povão
Chora menino e mulher
O rapaz e o homenzarão
Grita um por Jesus Cristo
Outro por Maria José
Um pula a janela
Outro faz finca pé
A faca trinca no muro
O facão no rodapé
O punhá corre solto
É um salve-se quem puder
No final da tranqueira
Sobra tripa no salão
Sangue na cumeeira
Corpo estendido no chão
O velho se benze num canto
A mulher enxuga o nariz
Tem cara de espanto
Quem escapou foi por um triz
A sanfona desabou
No recanto da saleta
A zabumba se furou
ninguém mais viu a corneta
O sanfoneiro suspira
O zabumbeiro se treme
A comadre já se vira
E o povo não se espreme
É por isso que se deve
Defender a briga boa
Pois aquele que se atreve
Ganha a briga numa loa
Briga boa é aquela
Que a gente se lambuza
Aquela que a raiva passa
E o ódio não abusa
Brida boa é rolar no mato
Como o cio dos pardais
Naquela hora que todos
Se revelam animais
Essa é a briga que quero
Defender com muito gosto
É a briga do amasso
Do carinho e do arrocho.
Por João de Lila
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