quarta-feira, 11 de julho de 2012

REALIDADE DE UM SERTANEJO NORDESTINO

Zé ninguém, homem forte
Cabra macho do sertão
Chapéu quebrado na testa
Sua vestimenta um gibão
Assim é o sertanejo
Que tem como desejo
Viver aqui nesse torrão

Batoré e cabeça chata
Perna parecendo cambito
Baixinho e presepeiro
Devoto de São Benedito
Brabo feito um leão
Com uma faca na mão
È ligeiro igual um cabrito

Nascido aqui no sertão
Onde a terra é esturricada
Seca porque não chove
Deixando a lama rachada
Seja inverno ou verão
Aqui não tem estação
Só seca ou invernada

Zé mora num barraco
Feito de pau a pique
As paredes são de barro
Com as mão feito o aplique
O piso é de barro batido
Que com água é polido
Assim ele quer que fique

Contra a chuva e o sol
Palha de carnaúba é telhado
As paredes da entrada
Caiadas de amarelo queimado
No alpendre do terreiro
A coberta é marmeleiro
E tem um banco quebrado 

A mobília de compadre Zé
É simples quase não há
Pra botar água barrenta
Dois potes de barro tem la
Um fogão feito no chão
Que fumaça como vulcão
Na hora de cozinhar

Duas panelas de barro
Três copos bem areado
Pilão feito de cumaru
Um machado bem afiado
Tem na mobília de Zé
Um bule de ferver café
Quando o sol tiver raiado

Dois pratos de ágata
Colher de pau na parede
Dependurada num torno
Ele ainda tem uma rede
Com o fundo velho rasgado
E os punhos tudo torado
Suja que ta ficando verde

Ainda na mobília de Zé
Na sala tem um lampião
Um rádio velho ABC
Pra escutar o Jatão
Logo de madrugada
Sentado na calçada
Essa é a primeira obrigação

O dia de Zé começa cedo
Ao cantar do galo no poleiro
Com o mugido da vacaria
O siscar das galinhas no terreiro
Com o berreiro das criação
Esperando a hora da ração
Que ele espalha no Taboleiro

A água de botar nos potes
Zé trás la do cacimbão
Carrega a água todinha
No ombro com um galão
Bota milho pra bicharada
Tira o leite da qualhada
E bota no fogo o feijão

No fim da tarde cansado
Pega uns gravetos de lenha
Para atiçar o fogo
Antes que a noite venha
Lava a cara no terreiro
E ascende o candeeiro
 Pra iluminar essas brenha

E assim meu compadre
Vive o caboclo do sertão
É por isso que eu gosto
Da vida nesse torrão
Sou um cabra arretado
No nordeste fui criado
E o meu nome é Jatão
                   Terxto: JATÃO VAQUEIRO

Nenhum comentário:

Postar um comentário