NÃO VENDA SEU VOTO

Vou falar de uma coisa

Com a divina permissão

De nosso Senhor Jesus

E de padim Ciço Romão

Falo do comício no mato

De um cabra candidato

Querendo ganhar eleição

É compadre João Cotó

Oferecendo casa, comida e baião

Linforme novo, brusa de brim
Poço , barragem e cacimbão
Candidato da tudo que tem
Troca até uma nota de cem
Para ter uma boa votação

Assim ele chega no comício
Com o bolço todo estufado
Querendo comprar o voto
Daquele desenformado
Que ainda vota por um tostão
E no dia da eleição
Elege um cabra safado

"Meu voto não vale tanto
Mais é todo do senhor"
Diz logo o cidadão
Que recebeu um valor
Para votar num candidato
Que foi bater lá no mato
Querendo comprar um favor

Depois da eleição
O povo grita para João Cotó
Já ganhou... já ganhou...
A festa levanta pó
Mais ali ele não tá mais
O povo fica para trás
Já fazendo a festa só

Por isso que no Brasil
A porta tá sempre fechada
Depois de ganhar eleição
Político deixa as costas virada
Ele diz a nós bem assim
Já comprei seu voto padim
A você não devo mais nada

Por essa razão não funciona
A tal da democrácia
Se tem quem venda voto
Candidato compra a mercadoria
E enquanto for assim
Eu lhe digo meu padim
Eleição é uma hipocrisia

Fui candidato agora
Na eleição passada
Mais não fiz como João Cotó
Comprando voto de madrugada
Por isso não fui eleito
E nunca desse jeito
Quero uma cadeira comprada

Prefiro ser assim
Um humilde cidadão
Do que ser vereador
Comprando a população
Acredito na democrácia
E sei que verei um dia
O povo ter uma opinião
Não votando em candidato
Que na cidade ou no mato
Compre sua resolução

              Texto: Jatão Vaqueiro