“Quando eu era criança o meu sonho era casar, ter filhos e também criar os filhos dos outros. E foi aí que me enganei. Eles não são dos outros, são meus filhos. Eu só não pari, mas são meus”, afirma Etani.
O primeiro filho adotivo surgiu na vida de Etani em 1991 quando ela menos esperava. “Eu estava fazendo as compras no mercadinho quando a moça do caixa perguntou se eu queria um menino para criar. Eu disse: ‘claro’. Até esqueci de consultar meu marido e filhos. No dia seguinte, eu já estava com o recém-nascido. Seis meses depois de ganhar Saulo, chegou Bárbara, no mês seguinte foi Luiz e logo em seguida vieram os gêmeos e assim as crianças foram chegando até dois anos atrás”, explica. Em uma dessas vezes, ela adotou sete irmãos vindos de uma mesma família.
“Só peço à Deus que faça deles homens e mulheres de bem”, afirma Etani
A casa foi doada por um empresário que mensalmente ajuda com parte da
alimentação da família composta pelos 33 filhos adotivos com idades
entre 2 e 21 anos que ainda moram com os pais. Em 2008, o
apresentador Luciano Huck do programa Caldeirão do Huck exibido na TV
Globo conheceu a família e promoveu uma reforma no imóvel.O salário de Policial Civil e a aposentadoria de funcionária pública são basicamente a renda da grande família. “Os bebês foram chegando de maneira sorrateira, alguns foram deixados na porta por mães vinham na agonia de não ter condições de criar os bebês, outras porque queriam se divertir. Eles foram chegando e a gente acolhendo, quando percebemos a casa já estava cheia. Só com a ajuda de Deus e de algumas pessoas que apareceram na nossa vida nós fomos conseguindo nos virar”, lembra a matriarca.
Etani e José Roberto se desdobram para cuidar das dezenas de filhos
Coração giganteE como coração de mãe sempre cabe mais um, neste caso muitos, Etani ainda tem outros filhos de consideração na região onde mora, no bairro popular do município na área metropolitana de Aracaju. Eles a chamam de mãe pelo afeto e cuidado que ela dedica a cerca de 30 pessoas que a visitam diariamente. “Gostaria de ter um lar para receber quem me procura pedindo comida. Eu os chamo de filhos de ninguém. São drogados, alcoólatras e até assaltantes, mas todos me respeitam e me chamam de mãe. Gostaria de um lugar decente para eles almoçarem, tomarem banho e até tirarem um cochilo”, afirma.
Enquanto a equipe de reportagem do G1 conversava com Etani, um homem que estava dormindo na calçada da casa acordou chamando por ela. “Mãe! A barriga está vazia e só você para resolver isso”, disse o morador de rua. Até a mãe biológica de Saulo, que ele conheceu aos 17 anos, já é considerada parte dessa grande família sergipana.
Fonte: G1/Sergipe
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