quarta-feira, 13 de julho de 2011

A Cachaça do Santo

Por: Cesar Teixeira
Depois do trajeto entre o alambique, a garrafa e a goela, a Abençoada envelhece nos barris da imaginação popular, revelando o gosto, a criatividade e a irreverência dos poetas de cordel e repentistas.

Nasce o filho do ferreiro
Com o martelo e a safa.
O filho do pescador
Traz a linha e a tarrafa.
O filho do cachaceiro
Traz o copo e a garrafa

 

Eu nasci em 68
Em 80 eu já bebia
Cachaça pura, mas hoje
Deixei a bebedoria
Do vício estou esquecendo
Porque só estou bebendo
Duas garrafas por dia

 

Desculpe meu camarada
Se lhe fiz alguma ofensa
Cada cabeça é um mundo
Poeta escreve o que pensa
Quando cai na bebedeira
É de qualquer maneira
Cachaceiro de nascença

 

Da aguardente eu não falo
em dizer não me acanho
pois ela é indispensável
até na hora do banho
um pouco dela compensa
evita qualquer doença
nem resfriado eu apanho
 

 

Xarope bom para gripe
é aguardente queimada
com dentes de alho roxo
e pimenta machucada
com suco de limão
e folhas de agrião
pra tomar de madrugada

 

O viciado em bebida
sempre dela se socorre.
Para o calor, para o frio,
Toma todo dia um porre.
Só vive “matando o bicho”
e esse bicho nunca morre

 

Conheço um velho poeta
que quando se “queima” diz:
– Pra ficar irresponsável
é que eu bebo e peço bis.
A responsabilidade
Deixa o sujeito infeliz
 

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