terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
DEPOIS QUE A MISSA TERMINA
Fica no templo somente
O sacristão zelador
Endireitando o andor
Pra usá-lo novamente;
Fica um cego no batente
Tocando uma concertina,
Se uma moeda retina
Ele diz: Deus abençoe!
Mesmo sem saber quem foi
Depois que missa termina.
Menino na escadaria
Sacristão correndo atrás;
Um candeeiro de gás
Que bem pouco alumia.
Com a Igreja vazia
O padre tira a batina.
Chega uma irmã vicentina
Querendo se confessar,
Vendo a porta se fechar
Depois que a missa termina.
A noite chega de vez
E envolve com sua sombra;
Um pinto novo se assombra
Com uma galinha pedrês;
Um casal de camponês;
Um cheiro se dissemina,
É a ceia nordestina
Saborosa com certeza,
Porém só é posta a mesa
Depois que a missa termina.
A dupla de cantadores
Canta num pé-de-parede;
Um velho arma uma rede,
Reclama de suas dores;
Um grupo de rezadores
Uma novena combina;
Alguém discerra a cortina
Da porta da sacristia,
Fica a igreja vazia
Depois que a missa termina
O padre leva o dinheiro
Pra casa paroquial
E um coroinha mal
Pega uma moeda ligeiro.
Vai correndo pro oiteiro
Em direção da cantina
Compra rapadura fina
Pra comer com pão bem cedo,
E tudo fica em segredo
Depois que a missa termina.
O padre na sacristia
Recolhe seus paramentos;
No oitão quatro jumentos
Que servem de montaria;
Reza uma Ave-Maria
Uma velha bem franzina,
Depois de rezar se inclina
Fazendo o sinal da cruz
Beija o santo e apaga a luz
Depois que a missa termina.
O padre soma a quantia
Da coleta do domingo;
Aquele velho mendigo
Recolhe sua bacia.
Um silêncio contagia
A cidade pequenina,
Reina uma paz divina
E uma santa solidão.
Isso se vê no sertão
Depois que a missa termina
. Fonte:Blog do poeta Felipe Junior
Imagem:emule.com.br.
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