segunda-feira, 15 de junho de 2015

CORDEL

FORAM CENAS VIVIDAS NO SERTÃO!!!
Um paiol de feijão outro de fava
Ocupavam o espaço lá na sala;
Guarda roupas não tinha, e numa mala,
Vestimentas, mamãe ali guardava;
Minha avó numa rede se sentava,
Com um fuso fiando o algodão,
Pra fazer boa renda; e no oitão,
Pai batia no trilho a sua enxada,
Cada coisa que deixo aqui citada,
Foram cenas vividas no sertão.

O toucinho curando no fumeiro
Gotejando respingos de gordura;
Já a carne de sol para a mistura,
Penduravam acima do bueiro,
Pra fumaça do velho fogareiro,
Garantir a total conservação;
As panelas de barro no fogão,
Espalhavam no ar os seus odores;
O relato fiel desses primores,
Foram cenas vividas no sertão.

A fumaça provinda das coivaras
De uma broca propícia para a roça,
Adentrava nas brechas da palhoça,
Logo a lágrima descia em nossas caras;
Quando a seca era longa, e as chuvas raras,
Começavam cair na região,
No soar dos estrondos do trovão,
Revoando se via as tanajuras;
Acredite que essas verdades puras,
Foram cenas vividas no sertão.

Uma cuia na beira do barreiro
Que servia pra enchesse o pote;
As formigas passavam de magote,
Carregadas, voltando ao formigueiro;
Para o farto almoço domingueiro,
Tinha a carne de alguma criação,
A galinha guisada ou um capão,
Assanhavam de vez o apetite;
Tudo isso é verdade, e acredite,
Foram cenas vividas no sertão.

Carlos Aires

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