LÚZ DO SERTÃO ( A lamparina )

 

NO RECANTO DA PAREDE

OU EM RIBA DE UM BALCÃO

DEPENDURADA NUM TORNO

OU BOLANDO PELO CHÃO

ELA ALUMIA A CASA

DO VAQUEIRO DO SERTÃO

COM UMA LABAREDA DE FOGO

FUMAÇANDO QUE NEM VULCÃO

ALUMIANDO A COZINHA

ATREPADA NUM FOGÃO

BEM DE MADRUGADINHA

NA HORA DO CAFÉ DE JOÃO

MARIA ACORDA CEDO

E COMEÇA LOGO TRABAIAR

VAI COMEÇAR SUA LUTA

ANTES MESMO DO SOL RAIAR

COM O DIA AINDA ESCURO

A LAMPARINA VAI CLAREAR

E COMEÇA O DIA NO CAMPO

PRA O VAQUEIRO DO MOURÃO

ELE LIGA LOGO O RÁDIO

NO PROGRAMA DE JATÃO

QUE  QUANDO CHEGA NA RÁDIO

AINDA TÁ ESCURO NO SERTÃO

O CABOCO DO NORDESTE

PASSA O DIA A TRABAIAR

PARANDO SÓ DENOITE

PRO ESPIMHAÇO DESCANÇAR

E A SUA VÉIA PERPARA

O ANGU DELE JANTAR

SENTADO NA MESA GRANDE

ELE ESPERA O BAIÃO

COM A LAMPARINA ACESA

ESSA É A TRADIÇÃO

 DO POVO SERTANEJO

AQUI DE NOSSA REGIÃO

NA LATADA DA CASINHA

COBERTA COM PAIA DE COQUEIRO

NO CAIR DA NOITE 

SE REUNE OS VAQUEIRO

COM A LÚZ DA LAMPARINA 

ALUMIANDO O TERREIRO

CHEGA MAIS VISITA NA TAPERA

  DO VAQUEIRO NORDESTINO

É CUMADRE ZEFA E ALFREDO

E VEM TRAZENDO OS MENINO

PRA PROSEAR NA LATADA

E O CAFÉ JÁ TÁ SAINDO

A LAMPARINA ALUMIA

A LATADA DE SEU JOÃO

A COVERÇA TA MUINTO BOA

MAIS JÁ É TARDE NO SERTÃO

TÁ NA HORA DE IR EMBORA 

É GRANDE A ESCURIDÃO

AINDA ANTES DE DRUMIR

O VAQUEIRO OLHA O GADO

PRA VER SE A VACARIA

TA NO SEU CANTO SOSSEGADO

ALUMIANDO COM A LAMPARINA

ELE OLHA PRO CEICADO

NO CURRAL DA FAZENDA

VAI PARIR A VACA PINTADA

TÁ ESCURO A CAMPINA

O VAQUEIRO NÃO VÊ NADA

E ELE LEVA A LAMPARINA

PRA CLAREAR A VACA AMOJADA

E UM NOVO DIA AMANHECE

NO SERTÃO NORDESTINO

E O VAQUEIRO VAI COMEÇAR

A CUMPRIR O SEU DESTINO

TRABAIAR DE SOL A SOL

DESDE OS TEMPOS DE MENINO

AQUI NESSES VERSOS

FÍZ MENÇÃO A LAMPARINA

UM OBJETO DA CASA

DA FAMILIA NORDESTINA

QUE AINDA É USADA HOJE

NO INTERIOR DE AGRESTINA.

TEXTO: JATÃO

 NOTA DO BLOG: EXISTEM NO TEXTO PALAVRAS USADAS DO DIALETO

                                  POPULAR NORDESTINO.