A história de Juvita recauchutada
Jovita de João Vicente
Viúva de Nicolau
Depois de um acidente
Num dia de carnaval
Prum hospital foi levada
E depois de internada
Entrou em coma profundo
Ficou um mês apagada
Passando uma temporada
Nas brenhas do outro mundo.
Porém num dos sonhos seus
Muito contente ficou
Pois se encontrou com Deus
E o salvador lhe falou
Você pode retornar
Lá pra terra e ficar
Pondo em prática novos planos
A nada deve temer
Porque só irá morrer
Daqui a quarenta anos
.
Jovita, uma véia feia
Dessas que assombram o povo
As pernas cheias de veia
Cintura larga de ovo
O narigão de tucano
As orelhas de abano
Canela de bem-te-vi
Fazia alguma ginástica
Mas nunca fez uma plástica
Com medo do bisturi.
Porém depois que saiu
Do coma, tranqüilamente
Porque Deus lhe garantiu
Quarenta anos pra frente
Chamou um cirurgião
Fez logo uma relação
Do que queria ajeitar
Testa, nariz, sobrancelha
Pescoço, bochecha, orelha
Nada podia faltar.
Fez uma lipoescultura
Deu um trato no cabelo
Ficou com a estatura
E o corpo de uma modelo
O busto siliconado
O bumbum arrebitado
Pele fina, reluzente
Recebeu alta, afinal
Mas na frente do hospital
Sofreu um trágico acidente.
Um acidente fatal
Vejam só que resultado
Na frente do hospital
Onde tinha se operado
Mas foi o que aconteceu
Jovita as botas bateu
Foi vela preta e caixão
E quando chegou no céu
Procurou o pai fiel
Pedindo uma explicação.
Me responda, Pai amado
quero saber, por favor
conversamos mês passado
e na conversa o Senhor
me garantiu sem segredo
que eu não morria tão cedo
mas, no entanto, eu morri.
E Deus respondeu seguro:
Jovita, desculpe, eu juro
que não lhe reconheci!
Texto:Amazan
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