Aposentado faleceu na tarde desta terça-feira, dia 24; ele ficou muito conhecido no Oeste do RN após construir uma igreja no município de Rodolfo Fernandes, em homenagem a duas meninas que morreram de fome e sede na seca de 1877.
Historia das Meninas das covinhas
História que é contada pelo próprio Bento Honório...
No dia seguinte fui internado no Hospital Almeida Castro, em Mossoró. Recebi soro e medicamentos, passei o maior sufoco, o maior sofrimento.
Por sugestão de vários médicos, entre eles o ex-deputado Laíre Rosado, fui transferido para o Hospital Geral de Fortaleza, que estava sem vagas. Fiquei então no Hospital Fernando Távora. Exames, medicamentos, banhos e ninguém sabia ainda o que eu tinha.
O Dr. Fausto falou que poderia ser hepatite. Mandou tirar sangue e não era. Dr. Célio mandou bater um raio-x, e nada. Pediram então uma Junta Médica. O Dr. Afonso chegou a me desenganar, mas a decisão foi o isolamento, pois poderia ser uma doença contagiosa, talvez de rato ou outro animal. Fui então para o Hospital Geral para um isolamento de 10 dias. Sentia muita dor e paralisia no corpo todo, a ponto de nem conseguir dormir. Se morresse o corpo ficaria para estudos.
Uma amostra de meu sangue foi mandada para o Rio de Janeiro, o resultado viria com quatro dias. Durante este período não podia beber água, só soro. Ouvi dos enfermeiros que até as roupas de cama eram queimadas. Não podia receber visitas de ninguém.
No quarto dia, quando amanhecia, uma senhora e duas meninas entraram no quarto. Eu ainda estava bastante sonolento, mas lembro muito bem quando a mulher pediu a uma das meninas uma válvula para retirar o aparelho de soro que estava ligado ao meu umbigo. Ainda hoje vejo a mão da menina entregando esta válvula. Retiraram toda a aparelhagem e fizeram o curativo.
Quando Dr. Célio chegou perguntou quem havia retirado o aparelho e feito o curativo. Respondi que tinha sido uma senhora de branco e duas meninas. Ele logo pensou que eu estava delirando, mas quando procurou saber na equipe como aquilo havia ocorrido, e porque no prontuário não havia nada, ninguém soube dar a resposta. Foi quando contei para Dr. Célio sobre minhas visões.
Em meio a perplexidade dos médicos, chegaram os exames com resultado negativo. Mandaram refazer. Mais quatro dias sem água, e agora recebendo soro pelo braço. Novamente resultados negativos. Na noite do 10º dia no isolamento, tive uma nova visão. Vi o local das covinhas com todos os detalhes: uma árvore caída e uma pequena lagoa marcaram aquela visão. E ouvi uma voz dizendo: "Com os poderes de Deus, o Sr. está curado".
No outro dia convocaram uma junta médica com 20 médicos. Não podiam atestar qualquer doença devido todos os exames darem negativo. Decidiram por minha permanência por mais dez dias no hospital. Depois teria que fazer exames regulares em 15, 30, 60 e 120 dias após a alta do hospital. Nenhum remédio foi recomendado." Bento Honório Trinta dias exatos do dia em que havia saído de casa, Bento retornou com um Cruzeiro que encomendara em Fortaleza. Neste mesmo dia foi em busca do lugar que as visões indicaram. A partir daí começou a luta para erguer a igreja e dar a ela uma estrutura digna para receber os fiéis. Ele diz que não foi difícil devido ter recebido inúmeras doações de pessoas das mais diversas cidades, inclusive do sul do país, que não sabiam nem onde era Rodolfo Fernandes.
A Igreja das Covinhas está a 5 km da cidade de Rodolfo Fernandes, distante 400 km da capital Natal.
Márcio Melo com Texto da Maracajá On Line
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