quarta-feira, 28 de novembro de 2012

É ASSIM A VIDA NA ROÇA!!!

Rapadura batida e água fria
Da cabaça, do pote ou da quartinha
Um guizado de bode ou de galinha
Ou de queijo de coalho uma fatia
O descanso na hora de meio dia
Ao som da cantiga de um vem-vem
Mungunzá ou um prato de xerém
Com um pedaço de charque bem assada
Essa vida tranquila e sossegada
O campônio desfruta e mais ninguém

Um cuscuz em que o milho foi ralado
Em um ralo dos flandres de uma lata
Misturado com leite e com batata
Feijão verde colhido no roçado
Que em grupo foi todo debulhado
No terreiro na frente da palhoça
Coisa simples, do mato, mas bem nossa
Que não cabe ao povo da cidade
Mas combina com a simplicidade
Do matuto que vive lá na roça

Lá no sítio a comida não acaba
Mesmo em ano que a seca é muito brava
Nunca falta angu farinha e fava
Pra comer misturado com piaba
Mas se a fome aperta e fica braba
O roceiro bem sabe como é
Come a massa do icó ou do imbé
Ou da vagem de um pé de jatobá
Come a fruta madura do juá
Ou as bolas do coco catolé

A batata, raiz do pé de umbu
Alimenta, porém não deixa farto.
Se acaso caçar algum lagarto
É um calango, um iguana ou um teiú.
Mandioca ele rala e faz beiju
 De migalhas arruma uma iguaria
Quando a fome provoca uma agonia
Isso o deixa bastante desolado
Sofre muito, mas tá acostumado
Muitas vezes não come todo dia.

Carlos Aires 28/11/2012









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