A mulher e o Cangaço
Por: João "das meninas" de Sousa Lima
*Ximando o almoço de Durvinha |
Há um fascínio natural quando se fala da mulher no cangaço. Em uma época
tão difícil o que levou tantas mulheres - meninas a entrarem para esse
mundo desconhecido e de certa forma brutal? Que tipo de atração o mundo
feminino viu no movimento cangaceiro? Quais foram os motivos que
causaram tanto deslumbramento aos olhos daquela juventude?
A sergipana Adília |
Apreciando o silencio de Maria de Jurity |
Essas são algumas perguntas que fazemos tentando entender os reais motivos da entrada da mulher no cangaço. Mesmo diante dos depoimentos de algumas que foram forçadas a seguir seus companheiros, como foi o caso de Dadá que foi raptada por Corisco, no caso de Dulce que foi trocada por jóias pelo cunhado, de Aristeia que seguiu o cangaceiro Catingueira por sofrer maltrato da policia, Tanto Antonia quanto Inacinha forçadas por Gato, podemos citar vários casos dessa natureza, porém a maioria foi por pura paixão como é o caso de Durvinha que se apaixonou por Virgínio, Lídia por Zé Baiano, Maria por Lampião, Nenê por Luiz Pedro, Eleonora por Serra Branca, Naninha por Gavião, Aninha por Mourão, Catarina por Nevoeiro, Joana por Cirilo de Engrácia.
Edson Barreto, Ex Cangceira Dulce, João e Maria Cícera irmã de Dulce com "103 anos de idade"
João vive a mimar a ex cangaceira Aristeia |
Alguns cangaceiros não concordaram com a entrada das mulheres no cangaço como foi o caso de Balão que deixou depoimentos confirmando que as mulheres atrapalhavam as caminhadas dentro da mataria, principalmente quando ficavam grávidas. Os tiroteios diminuíram e Balão era um dos cangaceiros que gostava dos confrontos.
Dona Rita, vitima de estupro praticado pelo cabra Sabiá |
A centenária Dona Mocinha (irmã de Lampião) |
Para outros, com a mulher no cangaço, os estupros diminuíram, a violência sem aparente razão se atenuaram.
A verdade é que com a mulher no cangaço o movimento ganhou uma áurea romanesca, as histórias contadas sempre falam do amor entre casais famosos, no cinema, nos versos tantos eruditos quanto populares, no livreto de cordel, na arte plástica, na música, no teatro, na literatura, os romances sempre mexeram com a capacidade de imaginar o cavaleiro em seu cavalo alado salvando as mocinhas e donzelas para viverem o amor eterno.
Dona Joana ( irmã de Dadá) |
Uma irmã da cangaceira "Moça" de Cirilo |
A mulher cangaceira deixou para sempre na historiografia do nordeste brasileiro o nome da mulher sertaneja como sinônimo de mulher guerreira, bravia, independente, sem perder sua feminilidade, sua capacidade de amar, independente das circunstâncias.
*Ximar? É o mesmo que desejar
Pescado no Açude do primo João
Via: /lampiaoaceso.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário