segunda-feira, 12 de setembro de 2011

NO MEU SERTÃO ESSA É A VIDA DO CAMPONÊS.








ESSA É A LIDA NO SERTÃO
DO CABOCLO ROCEIRO
QUE ACORDA DE MADRUGADA
NO NORDESTE BRASILEIRO
AO CANTAR DO GALO
EM CIMA LÁ DO POLEIRO

DEITADO EM UMA REDE
NO ALPENDRE DA FAZENDA
ACORDA AO RAIAR DO SOL
E CHAMA A SUA PRENDA
QUE FERVE LOGO O CAFÉ
ACOMPANHADO DA MERENDA

O CABRA ENCHE OS POTES
COM ÁGUA DO CACIMBÃO
BOTA MILHO PARA OS PORCOS
E RACHA A LENHA DO FOGÃO
COM UM MACHADO AFIADO
QUE CORTA ATÉ MOURÃO

TIRA O LEITE DAS VACAS
PRINCESA, BAIANA E ANDORINHA
PRA FAZER QUEIJO DE COALHO
NA PRENSA DA COZINHA
E VAI VENDER NA FEIRA
LOGO BEM DEMANHANZINHA

O CABOCLO VAI BUSCAR
O JUMENTO NO CERCADO
BOTA UM PAR DE CAÇOAR
E SAI PARA O ROÇADO
EM BUSCA DO FEIJÃO
QUE POR ELE FOI PLANTADO

MARIA FICA NO TERREIRO
DA PORTA DA COZINHA
ALIMENTANDO OS BICHOS
PATO, PERU E GALINHA
E AINDA PEGA UM GUINÉ
PRA JANTAR DETARDEZINHA

SEU MANOEL VOLTA DA ROÇA
COM O JEGUE CARREGADO
DE FEIJÃO, MILHO E ARROZ
OS CAÇOAR VEM SOCADO
O BICHO CHEGA PEIDA
COM ESSE PESO DANADO

O VELHO BOTA NOS SILOS
O LEGUME APANHADO
QUE DURANTE TODO INVERNO
POR MANOEL FOI PLANTADO
COM MEDO DE DAR O BICHO
E FICAR TUDO ESTRAGADO

E ASSIM MEU CABOCLO
É A VIDA NO SERTÃO
PEÇO QUANDO EU MORRER
NÃO ME TIRE DESSE CHÃO
SOU UM SERTANEJO
E ADORO ESSE TORRÃO
NESSA TERRA EU FUI CRIADO
QUERO AQUI SER ENTERRADO
ESSE É O DESEJO DE JATÃO.

                           TEXTO: JATÃO VAQUEIRO

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