quarta-feira, 25 de junho de 2014

CAUSOS DE MUNGUENGUE

Uma voz feminina sussurra  no confessionário da igreja de Munguengue:
> Padre, perdoa-me porque pequei...
— Diga-me, filha, quais são os teus pecados?
> Padre, o demônio da tentação se apoderou de mim, uma pobre pecadora.
— Como é isso, filha?
> Quando eu falo com um homem tenho sensações no corpo que não sei descrever.
— Filha, apesar de padre, eu também sou um homem.
> Sim, padre, por isso vim confessar-me com o senhor.
— Bem, filha, como são essas sensações?
> Não sei bem como explicá-las... Neste momento meu corpo se recusa cair de joelhos e necessito ficar mais à vontade.
— Sério?
> Sim, padre, deseja relaxar...O melhor seria deitar-me...
— Como, filha?
> De costas para o piso, padre, até que passe a tensão.
— E que mais?
> É como um sofrimento, em que não encontro palavras para descrever, padre.
— Continue, minha filha.
> Talvez um pouco de calor me alivie.
— Calor?
> Calor, padre, calor humano, que leve alívio ao meu padecer.
— E com frequência é essa tentação?
> Permanente, padre. Por exemplo, neste momento imagino que suas mãos massageando a minha pele me daria muito alívio.
— Filha?
> Sim, padre, me perdoa, mas sinto necessidade de que alguém forte me estreite em seus braços e me dê o alívio de que necessito.
— Por exemplo, eu?
> Sim, padre, você é a categoria de homem que imagino poder me aliviar.
— Perdoa-me, minha filha, mas preciso saber tua idade.
> Setenta e quatro, padre.
— Filha, vai em paz que o teu problema é reumatismo.

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