terça-feira, 22 de abril de 2014

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A seca no Inharé

No começo da semana chega carta do leitor José Vicente Neto, postada no Sítio Retiro do Jaú, que fica nas beiradas do Açude Alívio, ribeiras do Inharé, município de Santa Cruz. O mote principal é a falta de chuvas por aquelas bandas deixando agricultores e criadores preocupados com mais um ano de seca. Zé Neto ou Vicente Neto, como ele também assina sua correspondência, diz que nasceu em Macau, “lá irriba, uma quase ilha, terra de minha mãe, mas fui criado aqui mais embaixo, em Santa Cruz, terra do meu pai” e que derna de menino convive, “aqui e acolá com os infortúnios da seca: falta d’água, êxodo, agricultura frágil e promessas de dias melhores”. Transcrevo outras passagens da carta de Zé Vicente:

- Em meados dos anos 90, antes da Adutora Monsenhor Expedito, tive, como tantos outros daqui, que me retirar pra Natal pra estudar e pra me livrar da seca. Foi nessa picada que ingressei na antiga ETFRN e depois fiz concurso para a Aeronáutica e conheci outras paisagens, mas acabei movido pela saudade, regressando e aqui fiquei: em Santa Cruz.

- Pois bem, meu pai tem um sítio na beira do Açude do Alívio (ou Inharé), Sítio Retiro do Jaú, onde ele cria de tudo: galinha, pavão, guiné, pato, ganso, uma vaquinha de estimação, uma ruma de gatos e outra leva de cachorros. Eu crio três cavalos: uma égua e um poltro, ambos quarto-de-milha, e uma poltrinha paint-horse. Posso dizer por mim e por meu pai que a seca por aqui está de lascar. E olhe que nós temos algo que a maioria não tem que é acesso a água esverdeada, mas de grande valia, do Açude do Alívio. Isso ameniza, e muito, os efeitos dessa danada que devora o Nordeste de quando em vez e que não consegue nunca ser domada por quem tem o “chicote” nas mãos.

- A paisagem é amarronzada onde havia o pasto natural, e ao redor da represa, com volume já muito baixo, ainda dá pra ver o verde do capim d’água que é o que está salvando o rebanho. O capim elefante plantado pelas vazantes está a preço de ouro. Os jumentos, que dizem os sertanejos, só engordam na seca, andam em lotes nas beiradas das cercas que margeiam as estradas de terra atrás dos galhos secos de “maiva”. O preço da ração está nas alturas, principalmente o milho, que é o energético por excelência.

- As chuvas são tímidas, imperceptíveis às vezes. Todos os dias corro os olhos pelo site do INPE e me animo, de vez em quando, com a probabilidade alta de chuva – 80% geralmente – por essas bandas. Mas na prática o que os olhos daqui veem é um sol terrível, ás vezes aparado por algumas nuvens que chegam ali na Serra da Samambaia acompanhadas de um vento cheiroso de chuva, mas que parecem hesitar quando ali chegam e se dissipam. Cada um pro seu lado e vão para sabe-se lá onde.

- No dia de São José, não choveu por aqui, quando amanheceu o dia seguinte, abri a porta pra pegar o jornal e vi que o chão estava molhado, ou seja, um atraso perdoável. Li na Tribuna de alguns dias atrás, que o inverno desse ano será influenciado pelo El Niño e me perguntei para que existe a previsão meteorológica tendo em vista que não se sabe dizer se a tal influência vai ser para que chova ou para que faça sol!

- Bom, espero que você leia essas linhas e que lhe sirvam para alguma coisa. Por fim, um forte abraço e uma feliz Semana Santa. Retiro do Jaú, Santa Cruz-RN, 15 de abril de 2014, José Vicente Neto”


MILHO

A Conab garante que nenhum produtor cadastrado no Programa de Vendas em Balcão foi excluído da Operação Especial, que desde maio de 2012, oferece milho em condições especiais para criadores atingidos pela seca na região atendida pela Sudene. Até 30 de junho, os 272 mil cadastrados no Programa de Vendas em Balcão na área da Sudene poderão adquirir até 3 mil quilos de milho/mês, ao preço  de R$ 18,12 a saca.

RAÇÃO

Criadores da região do Seridó pedem à Conab uma fiscalização mais rigorosa na listagem dos beneficiários do programa de milho do governo.  Vários desses criadores já teriam vendido ou todo ou grande parte do rebanho e, mesmo assim, continuam adquirindo o milho com preço subsidiado.

ORGÂNICOS
 
Com um total estimado de 1,5 milhão de hectares, englobando as atividades de agricultura e pecuária, com predomínio de pequenos produtores rurais, a produção orgânica nacional apresenta tendência de crescimento continuado nos próximos anos. O Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos, do Ministério da Agricultura e Pecuária, lista até o momento 7.959 agricultores orgânicos individuais certificados.
TRIBUNA DO NORTE

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