segunda-feira, 14 de abril de 2014

MENINO DE RUA

Do banco de cada praça
Fiz cama para dormir
O jornal meu cobertor
Que furtei pra me cobrir
E a vergonha minha roupa
Que eu usei pra me vestir

A rua é o meu abrigo
Meu trabalho é furtar
A cola minha comida
Não mastigo só faço cheirar
Meu livro é a mentira
Onde eu vivo a estudar

Peço a quem vai e a quem vem
A criança ao ancião
Ao homem e a mulher
Peço sem fazer distinção
E assim eu vou vivendo
Pedindo sim ganhando não

Meu chuveiro é a chuva
A marquise meu banheiro
Minha toalha é o sol
O lixo o meu dinheiro
Passar fome meu esporte
E o medo meu parceiro

Meu irmão é trombadinha
Meu pai é o cafetão
Minha irmã é a lua
Vela da minha escuridão
Meu vicio é a maconha
Minha mãe é a solidão

Meu passado eu esqueci
Na alma do meu deserto
Meu futuro esta escuro
Em algum lugar incerto
Meu presente uma cela
Onde sonho ser liberto

E assim é minha vida
É a verdade nua e crua
De quem vive desprezado
Sem ter uma família sua
Eis a minha apresentação
Eu sou um menino de rua 
Claudio Vieira de Souza

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