segunda-feira, 28 de abril de 2014

CORDEL DO MEU SERTÃO

O NAMORO ANTIGAMENTE

Namorar antigamente
Surtia munta emoção
Ambos sentia uma força
Saindo do coração
Só o olhar transmitia
O ardor duma paixão

Só cumeçava o namoro
Se os pais desse o aval
Do contrário não podiam
Porque o pai do casal
Exigiam ordem e respeito
E controle emocional

O rapaz tinha que ser
Cunhicido da famia
Morar no mermo setor
E trabaiá todo dia
Se não perdia o direito
De namorar sua fia

Só namorava se fosse
Com o pai dela ispiano
De preferença o domingo
A tardinha ia chegano
E sete hora danoite
Já estava regressano

O pai munto carrancudo
O namoro vigiava
A um metro de distança
Um do outro se sentava
E muntas vez o assunto
De jeito nenhum chegava

Quando era a primeira vez
Que na casa dela ia
Dava uma sede danada
De vez em quando pedia
Um copo grande com água
Em poucos gole ingulia

Na temperatura quente
Ficava todo suado
De briantina gessi
O cabelo era insopado
Dava crise de tussir
Mesmo sem está gripado

De duas atres viage
Ele inda dava perdida
Só cum o véi cunversava
A moça era iscundida
Faseno prano e perdeno
Mode achar uma saída

De tanto ele pelejar
Ela resove sair
Sim costa numa janela
Fingino qui vai tussir
Ele vai ao seu encontro
Um copo dágua pedir

O pai fica furioso
Olhando a proximação
Um por fora outro por dentro
Sente raiva e emoção
Manda logo a filha entrar
E mete-lhe um empurrão

Ela sai cambaliano
Por causa do impurrão
Que seu pai meteu nas costas
Seguido dum biliscão
Deixano a lapa de couro
Dipindurada na mão

O frouxo do namorado
Meteu o pé na carreira
Pulano ceica de vara
Só se uvia a quebradeira
Mas a iscuridão da noite
Deu cobertura a poeira

Meses depois sincontraro
No veloro dum difunto
Pra famia foi trsiteza
Mas pra eles valeu munto
Mataro toda saudade
Naquele tempinho junto

Marcaro logo a fugida
Pra outra noite da frente
Mas ou menos oito horas
Ele estava no batente
Aguardano a namorada
Sair na porta da frente

Ela num tardou sair
Prus quato canto ispiou
Não viu uma companhia
Munto dipressa vortou
Bateu a porta dizeno
Só cum rocê eu num vou

Ele tão disesperado
Inda tentou ispricar
Ela num deu atenção
Por mim pode se daná
Vá arranjá ôta feme
Da caxa bozó pralá

Não cumpriu cum a palavra
Dando uma de esperto
Foi testá a namorada
Mas o teste não deu certo
Nunca mais teve de volta
Nem de longe e nem de perto

A mulher naquele tempo
Era munto invergonhada
Tinha obediença aos pais
E mêdo de ser falada
Se o ome não concordasse
As vez ficava sem nada

Duas formas era usada
Pra quem queria casar
O rapaz pidia a moça
Ou tinha qui carregar
Perante uma tistimunha
Pra puder dispusitar

Quem a moça ricibia
Tinha o dever de avisá
Ao pai dela munto cedo
Mode ele mandá chamá
O ladrão de sua fia
Pru casamento acertá

Depois de munto carão
Faz o interrogatoro
Sobre morada e trabalho
O acerto do casoro
Do contráro seu fulano
Vamos fazer seu veloro

As emoções amorosas
Era asssim antigamente
Ambos sofriam demais
Pra se unir seriamente
Nunca usava ficar
Como usam atualmente.
Helena Bezerra

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