segunda-feira, 24 de outubro de 2011

VIDA DE SERTANEJO


 












Registro aqui algumas sextilhas da famosa dupla de repentistas João Paraibano e Raimundo Caetano quando numa cantoria na praça pública da cidade de João Dias - RN, em 13 de janeiro de 2005, na efervescência dos seus improvisos, cantavam repentes descrevendo a Vida do Sertanejo.

João Paraibano

Todo sertanejo gosta
De ver quando a tarde encerra
O rosto da lua cheia
Nascendo por trás da serra
Como uma bola de prata
Caindo do céu na terra.

Raimundo Caetano

Indo o sol da cor de guerra
Chegando a noite que gela
Viajando o sol vermelho
Voltando a lua amarela
E os boêmios inspirados
Olhando a beleza dela.

João Paraibano

Todo sertanejo apela
Pra ver rio de enchente
Ou tirar leite de vaca
Pra comer com cuscuz quente
Escutar som de viola
Batendo palmas pra gente.

Raimundo Caetano

O casebre é ambiente
O campônio é morador
Almoça um prato de fava
Um pirão de corredor
Primeiro se fortifica
Só depois fala em amor.

João Paraibano

Todo homem agricultor
Ama tanger boi de carro
Debulhar feijão maduro
Comer num prato de barro
Tomar um café pequeno
Tocar fogo num cigarro.

Raimundo Caetano

Trabalhar cortando barro
Seja aqui ou mais além
E quando a enxada vai
o mato cortado vem
Eu tenho preguiça disso
Mas o povo aqui não tem.

João Paraibano

Todo camponês também
Gosta de armar mondé
Guardar cabaça na moita
Beber água num coité
Contar sementes nos dedos
Quebrando os torrões no pé.

Raimundo Caetano

Sertanejo também é
Filho de Nosso Senhor
Também gosta de cinema
De assistir televisor
Mas às vezes é forçado
Ficar no interior.

João Paraibano

Todo homem lavrador
Gosta de alagadiço
Passar cidreira em caixão
Para amansar um cortiço
E ver água descer no rio
Dando empurrão num caniço.

Raimundo Caetano

Só que não gosta só disso
Nem só nisso se distrai
Também gosta de ver dama
Com saia que quase cai
Não tem chance de ir à praia
Do jeito que a gente vai.

João Paraibano

Todo camponês atrai
Uma dança de pagode
Ou passar uma tesoura
Nos cabelos do bigode
Fazer cabresto pra jegue
E canga em pescoço de bode.

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