sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

CORDEL

As baboseiras do Facebook
Quando vi o Facebook
Na minha primeira vez,
Acessar era difícil
O idioma era inglês.
Era bem pouquinha gente
Se contava tão somente
Pouco mais de cinco ou seis.

Mas hoje vejam vocês
Como a coisa já mudou,
Facebook ta tão cheio
Não sei como não estourou,
Pois tem gente adoidado
Que só vive bitolado
Em frente ao computador.

E a coisa acanaiô
Na tal rede social,
Quem não tem um Facebook
É chamado de anormal.
No tal Face se vicia
O acessa todo dia
Mais parece um ritual.

Eu acho fenomenal
Em ver tanta amizade,
De uma pessoa só
Quanta popularidade!
No Face pra cada 100
Eu aposto que não tem
Três ou quatro de verdade.

Digo de sinceridade
Que tem gente intrigada,
Em casa com os irmãos
Com os pais são emburradas,
Mas no Face é mais de mil
Amizades no perfil
Sua página é lotada.

Muitas vezes dou risada
Do que estou a lhe falar,
Pois eu vejo no meu Face
Gente a me solicitar,
Para ser o meu amigo
Mas se encontrar comigo
Passa sem pra mim, olhar.

No Face vão publicar
Um eito de baboseira,
As vezes fico pensando
Que estão de brincadeira,
Pois tenho que confessar
Que do que se posta lá
Quase tudo é leseira.

Já começa a bagaceira
Na hora de escrever,
Pois se ver até usar
O cedilha em você,
O “x” vira “ch”,
Um “z”, “s” vai virar
É difícil até de ler.

Mas o que a gente ver
É gente falando inglês,
Com o Google tradutor
Até eu falo chinês.
Mas não sabem o que faz
Quando escrevem “mais” ou “mas”,
Pois não sabem o português.

Mas eu digo a vocês
Que tem coisa ainda pior,
Pois também no Facebook
Falsidade reina só.
E pra você entender
O que estou a lhe dizer
Eu vou explicar melhor.

Chego até ficar com dó
Quando vejo um comentário,
Numa foto que é tão feia
Que se torna até hilário,
E comentam:Lindo ou linda!
Será que não viram ainda
Que lhe fazem de otário?

E bonito é o cenário
Onde as fotos são tiradas,
Por trás vê-se um muro velho
Co’as paredes esburacadas,
Não pensam em editar
E do próprio celular
Essas fotos são postadas.

Na foto sai a privada
Quando a selfie é no banheiro,
Sai a pia, sai toalha
Só falta sair o cheiro.
Já vi foto que até tinha
Pendurada uma calcinha
No registro do chuveiro.

Das festas voltam ligeiro
Para a beca aproveitar,
Correm logo para o quarto
Danam-se a fotografar,
E nem olham a mulambeira
Em cima da cama inteira
Que a foto vai mostrar.

Ao sair pra passear
Vê uma moto bem potente,
Ou então um carro de luxo
Desses que atraem a gente,
Tiram foto ali sorrindo
Depois vão postar mentindo
“Deus me deu esse presente”.

Tem foto de muita gente
Em lugar exuberante,
Dando a entender que é
Um cabra bem viajante.
Mas na foto não está
Pois daquele tal lugar
Nunca foi um visitante.

Outra coisa que é constante
São as fotos de comida,
Chega até a dar vontade
Na tela dar uma lambida.
Tudo prato luxuoso
É tanto comê gostoso
Que eu nunca vi na vida.

É muita gente fingida
Pois em casa só tem ovo,
Ou sardinha meretriz
Dessas que espanta o povo.
Quando tem um quilo de osso
Só vai dar para o almoço
E na janta ovo de novo.

Muito chique esse povo
Todo mundo maquiado,
Roupa fina muito cara
O cabelo alisado.
Mas fora do Facebook
Tem uns que parecem o Hulk
Eita povo engraçado.

Tudo ali é registrado
Dizem: “agora vou dormir;
Acabei de acordar;
Eu agora vou sair”.
Isso é muita besteira,
E se der uma caganeira
Também vão postar aqui?

Tudo é perfeito ali
Só existe união,
Pais e filhos sorridentes
Irmão abraçando irmão.
Mas em casa a coisa é feia
Até tapa na urêia
Sai no mêi da confusão.

Mas do Face não sai não
É curtir e compartilhar,
Casa suja pra varrer,
Prato sujo pra lavar,
Menino todo cagado
E um marido arretado
Sem ter nada pra almoçar.

Ninguém quer mais estudar
Tão no Face viciado,
E agora um zap zap
Deixou tudo abilolado.
Não conseguem trabalhar
No zazap a conversar
Já tá tudo dominado.

Aqui dou por terminado
O cordel que escrevi,
Vou agora revisar
Tudo o que escrevi aqui.
Eu já to agoniado
Já era pra ter postado
No Face pra tu curtir.

Roberto Celestino

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