quinta-feira, 5 de novembro de 2015

CORDEL

SERTÃO ESTURRICADO
A prolongada estiagem
Descoloriu o sertão
Acabou-se a plantação
Nas árvores não há folhagem
Não tem água na barragem
Falta ração para o gado
Sertanejo aperriado
Olha triste o que restou
A grande seca deixou
O sertão esturricado.

No sítio de bananeira
Só palha seca espalhada
Cajaraneira pelada
Não tem rama a goiabeira
Em cada estrada a poeira
Deixa o tempo acinzentado
O carão foi desterrado
Sumiu, nunca mais cantou
A grande seca deixou
O sertão esturricado.

Fica a terra seca ardendo
Devido a forte quentura
Com alta temperatura
A sequidão vai crescendo
A vegetação morrendo
Da caatinga até o prado
O juazeiro copado
Só esse verde ficou
A grande seca deixou
O sertão esturricado.

Ninguém vê a juriti
Na chapada ou na colina
Não tem galo de campina
Canário e nem bentevi
A passarada dali
Tomou rumo ignorado
Sabiá está calado
Calou-se a "fogo - pagô"
A grande seca deixou 
O sertão esturricado. 

Tanto tempo sem chover
Rã não coaxa no pote
Bode não pula em serote
Porque falta o que comer
Sem nada pra colher
Fica o camponês parado
Sem produção, seu roçado
Abandonado ficou
A grande seca deixou
O sertão esturricado.
Autor: Zé Bezerra

Nenhum comentário:

Postar um comentário