"O MEU PASSADO"
Minha vida parou quando eu parei
No batente da casa abandonada
Onde um dia já foi minha morada
Senti tanta saudades que chorei
Quando vi o terreiro em que brinquei
E o alpendre onde eu ficava sentado
Uma mão segurando um peixe assado
E noutra mão a tigela de polenta
Cada cena passando em câmera lenta
Na reprise do filme "O MEU PASSADO".
Me lembrei do chiqueiro de galinha
Do boi manso e o cachorro trigueiro
Do moinho, pilão e candeeiro
E da cuia de pai medir farinha
De um girau no terreiro da cozinha
Fogo a lenha e telhado fumaçado
Um bule de café bem requentado
E um papeiro com leite de jumenta
Cada cena passando em câmera lenta
Na reprise do filme "O MEU PASSADO".
Nordeste Encantado
Quando passo na velha morada
E ali vejo o velho curral
Todo feito de pedra e pau
Caindo não segura mais nada
Lembro-me da vaca malhada
Que dava um balde de leite cuado
Do velho burro que vivia piado
A minha saudade só aumenta
Cada cena passando em câmera lenta
Na reprise do filme "O MEU PASSADO".
Num banco de pau de aroeira
Com meu avô sempre eu ficava
Ouvindo o que ele falava
Depois que ele chegava da feira
As vezes as tardes inteira
O assunto era sempre variado
De pescaria a criação de gado
O vei chega suava a venta
Cada cena passando em câmera lenta
Na reprise do filme "O MEU PASSADO".
Assim sempre foi a vida de Jatão
Que ama a vida do nordestino
Vivo aqui nessa terra desde menino
Tomando banho de cacimbão
No rio pegando peixe com a mão
E comendo com farinha assado
Corro em cavalo bem arreado
Dentro da mata cinzenta
Cada cena passando em câmera lenta
Na reprise do filme "O MEU PASSADO".
Jatão Vaqueiro
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