quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

CORDEL


O PINTOR MUDOU A TINTA/ DA PAISAGEM DO SERTÃO.
Uma seca causticante
Assolou nosso nordeste,
Do sertão ao agreste
A coisa foi devastante.
O criador num instante
Trouxe a resolução
Derramou no nosso chão
Uma chuva bem retinta.
“ E o pintor mudou a tinta
Da paisagem do sertão.”

Era um negrume só
Estendido pelo pasto;
Um cenário tão nefasto
De miséria e de dó.
Chega levantava o pó
Do redemoinho lá no chão.
E quando assim o trovão
No céu fez a sua finta
“O pintou mudou a tinta
Da paisagem do sertão.”
.
A névoa deixa as colinas
Numa elegante alvura
Cobrindo sua estrutura
Que nem grandes cortinas.
O orvalho nas campinas
Cristaliza a cerração
Amenizando a situação.
Duma forma tão sucinta.
“O pintor mudou a tinta
Da paisagem do sertão.”

A verdura se dissemina
Na orla das grandes matas.
No sopé belas cascatas
Saltitam que nem menina
Sua água cristalina
Serpenteia todo vão
Descendo no ribeirão
Como se fosse uma cinta.
“O pintor mudou a tinta
Da paisagem do sertão.”

Enfeitando as paisagens
Só se ver o aguaceiro,
Nas cacimbas , em barreiro
Espalhado nas rodagens.
Nos campos lindas ramagens
Enfeitam a imensidão
Misturam-se à vegetação
Que estava quase extinta.
“O pintor mudou a tinta
Da paisagem do sertão.”

A chuva trouxe bonança
Para todos do lugar;
Os pássaros voltam a cantar
Com muito mais confiança
Sem perder a esperança
Afina mais a canção
Sem sair da metrificação
Chama um e chama trinta.
“O pintor mudou a tinta
Da paisagem do sertão.”

O urubu desaparece
Fecha o ato, sai de cena.
A linda flor da Açucena
Na caatinga se floresce;
No cercado o capim cresce
Ornando todo o torrão,
Trazendo alimentação
Para a vaca tão faminta.
“O pintor mudou a tinta
Da paisagem do sertão.”

Leonires Di Olliveira
MOTE DE LABÔNIO DI OLIVEIRA

Nenhum comentário:

Postar um comentário