terça-feira, 26 de março de 2013

Poesia de Anizão

Na Paraíba é assim
Os fatos como acontece
No sertão Paraibano
Sua fama permanece
Foi numa paixão de Cristo
Pra descrevê-la eu incisto
Veja Cristo o que padece.
 
Nos confins da Paraíba
Um elenco foi formado
Pelo dono de um circo
Que lá estava instalado
Teve os artistas escolhido
Ficando já definidos
Cada papel ensaiado.
 
Moradores da cidade
Da peça participaram
Para um entrosamento
Muitos dias ensaiaram
Para ser tudo perfeito
Adotaram esse conceito
Todos se organizaram.
 
Para o papel principal
Foi um rapaz escolhido
Da cidade era o gatão
Pelas mulheres querido
Famoso por conquistar
Foi logo chifre botar
Do circo o dono escolhido.
 
Fazer papel de Jesus
O rapaz ia encenar
O dono do circo soube
Que chifre estava a levar
Sabendo do ocorrido
Sentiu por ser traído
Mas não quis atrapalhar.
 
Com o elenco definido
Fez ele a reunião
Decidiu participar
Mas houve contestação
Mas ele a peça montou
Todo mundo lhe aceitou
Pra esta apresentação.
 
Falou o dono do circo
O meu papel nada fala
Só faz a encenação
Vou fazer perfeita e clara
Serei um centurião
Pra causar muita emoção
Com um chicote que estala.
 
E chegando o grande dia
O povo compareceram
Muitas beatas e devotos
As ruas todas se encheram
Para ver com emoção
Sentindo grande emoção
Vendo o que Jesus sofreu.
 
No momento mais solene
Foi um silêncio profundo
Todos querendo assistir
O homem que veio ao mundo
Pregar o amor e a união
E sofrer grande aflição
Sendo da paz o fecundo.
 
Toda platéia chorosa
Vendo Jesus carregando
Aquela cruz tão pesada
E o povo acompanhando
Foi quando o centurião
Com a chibata na mão
Já ia se preparando.
 
Levou chifre de Jesus
Agora pra se vingar
Com a chibata empunhada
Pra com muita força dar
Fazendo um papel perfeito
Ia fazer do seu jeito
Pra ninguém desconfiar.
 
E chegando o seu momento
Para a sena apresentar
O centurião com força
Deu para as listas ficar
Jesus falou ou sujeito
Batendo assim desse jeito
Você vai me machucar.
 
O centurião com jeito
Com Jesus dialogou
É pra causar emoção
Mas mesmo assim lhe falou
A sena pra ser perfeita
Você só faça careta
Do jeito que se passou.
 
Com mais duas chibatadas
Jesus não mais suportou
O sangue já escorrendo
Sua cruz no chão jogou
Com a peixeira afiada
Vou lhe dar uma facada
Pra você sentir a dor.
 
Jesus correndo gritava
Vou lhe pegar no além
E as beatas gritavam
Fura Jesus muito bem
Aqui é a Paraíba
Centurião não castiga
Pois não é Jerusalém.
 
Jesus todo recortado
Por muito tempo correu
O centurião depressa
Nas matas se escondeu
Foi quando vi Cristo brabo
Pegando a faca no cabo
E o centurião correu.
 
E assim foi a história
Do corno centurião
E o Jesus escolhido
Pra esta apresentação
Juntando corno e chifrudo
Na Paraíba tem tudo
Isto não foi ficção.

Anízio Santos

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