CORDEL

FAMÍLIA FLORÊNCIO...

 

BRASÃO DA FAMÍLIA FLORÊNCIO 

Embora muita gente pense a família Florêncio não tem origem italiana, ela tem origem portuguesa e não tem nada a ver com Florença ou Firense... Ela é abrasileirada do Português, ou seja, somos provenientes de Portugal, já com um forte teor Brasileiro.

Já nossa família se deu pela união de um casal no ano de 28 de janeiro de 1948, em Martins-RN. Ele: João Florêncio de Oliveira, (NASCIDO EM 19 / ABRIL / 1913 / SEU JOÃO) e Ela: Maria Fernandes de Oliveira, (NASCIDA EM 02 / SETEMBRO / 1918 / DONA LICA).

Peço a Deus nosso senhor
Que me traga inspiração
Quero falar em versos
O que sair do coração
Contando uma história
De vivencia e glória
Da família de Papai João

Homem de grande valor
Nascido na lagoa nova
Comunidade de Martins
Os documentos dele prova
Filho de agricultores
Gente de poucos valores
Mais que gostava de trova

João Florêncio viveu a vida
Dedicada a trabalhar
Nas abas da serra ele
Costumava sempre plantar
Fava, milho e feijão
Pra acabar com a precisão
Que na época tinha por la

Mais tarde ele se casou
Com Mamãe Lica minha avó
Onde formaram uma família
Nas abas do cafundó
E alguns anos depois
Arribaram de la os dois
Como vôo de um curió

Com muitas dificuldades
Essa família viajou
Pras bandas do Piauí
Um certo tempo la morou
Deixando apenas saudade
De uma filha de pouca idade
Que morreu la e ficou

De volta a Martins
Com tristeza no coração
Começava uma nova vida
Na família de seu João
Trabalhando de sol a sol
Pra encher os paiol
De batata, arroz e feijão

De la vieram pra cá
Morar na fazenda gavião
Do saudoso Chico Possídio
Que na época era o patrão
Trabalhando na agricultura
Com eles não tinha frescura
Na hora de ganhar o pão

Quinze filhos tiveram
Esse casal de agricultores
Todos criados na fazenda
Sem riquezas sem valores
Mais sempre com dignidade
Honradez e humildade
Respeitando seus genitores

Francinete, Irene e Xavier
Marli, Wilton e Marizete
Ivan, Arizete e Vilma
Sobrinho, Marta e Suzete
E ainda nesse cordel
Falta 03 que estão no céu
Eliete, Ivonete e Ivete

Perdemos até a conta

De netos, bisnetos e tataranetos

Como meu avô falava

"Eu já tenho até escanchanetos"

Com eles fazia projetos

Muitas vezes como decreto

Dizia "Vou ensinar violão aos netos"

Do meu tempo de criança
Trago lembranças e não lenda
Do curral cheio de gado
Dos peixes que dava renda
De um velho burro branco
Que mesmo com um pé manco
Carregava o leite da fazenda

Ivete, que já faleceu
Sedo no burro montava
Com Marcos na lua da sela
Para o gavião arribava
Com o leite da vacaria
Isso era dia após dia
Vinha na rua e voltava

Ivonete era o mais velho
Ajudou na criação
Dessa família grande
Que vive nesse torrão
Trabalhando de sol a sol
Enchia de legumes os paiol
Matando a fome dos irmãos

A velhice se achegou
E eles tiveram uma finalidade
Viver uma nova vida
Sempre com humildade
Certos do dever cumprido
De ver seu filhos crescidos
Vieram morar na cidade

Seu João era um boêmio
Gostava de um violão
Tocava cavaquinho
E tomava uma com limão
Pra ele tava suficiente
Viver sempre sorridente
Apertando do povo a mão

Em época de eleição
Era um famoso bacurau
Que de maneira discreta
Fazia política até o final
De Zezito era compadre
E nem palavra de um padre
Mudava ele em Umarizal

Homem de muitas amizades
Um respeitado cidadão
Que odiava arma de fogo
Gostava era de um violão
Para ele uma caneta
Era a melhor arma do planeta
Pra resolver uma situação

A nós só resta saudades
Do nosso querido Papai João
Por todos nós respeitado
E amado de coração
João Florêncio era seu nome
Papai João era codinome
E era avô de Jatão

Mamãe lica era nossa avó
Uma mulher guerreira
Para ajudar um filho
Ela quebrava barreiras
Sempre ali conversando
Os bons caminhos mostrando
Como uma boa conselheira

Assim é nossa história

De vivência nesse sertão

A vida nunca foi fácil

Pra mamãe Lica e papai João

Na época não tinha televisão

Por isso essa filharada

Mais nunca lhes faltaram nada

Mesmo sem diploma de Doutor

Papai João sempre demonstrou

Ser uma pessoa educada

Texto: Jatão Vaqueiro (MINHA FAMÍLIA)