quinta-feira, 7 de maio de 2015

CORDEL

O VELHO VAQUEIRO...
O Velho vaqueiro chora
Com saudades do passado.
Mesmo com nó na garganta
Solta um aboio chorado
Num relembrado penoso
Lacrimeja o desditoso
No seu canto acabrunhado.

Pita um cigarro de palha
E puxa pela memória
Buscando em cada pitada
Um pouco de sua história
Coloca e tira o chapéu
Olha pro chão e pro céu
Nas cenas da trajetória.

Hoje somente a saudade
Habita seu coração.
Pois morando na cidade
Vive de recordação,
E chora pela boiada
Que por ele era tocada
Nas quebradas do sertão.

Dalinha Catunda.

Triste e abandonado
Como faca sem bainha
Este é o sofrimento
Do vaqueiro da terrinha
Que hoje mora na cidade
Vivendo a modernidade
Longe da vida que tinha

Não tem mais o terreiro
Cheio de galinha e pato
Não corre no tabuleiro
Atrás de boi no mato
Nem planta mais feijão
Pra comer com chambão
Que no sertão é bom prato

Fica a saudade do gado
Das vacas do curral
Do jumento encambitado
Chapéu de couro e bornal
Da novilha amarela
Que corria atrás dela
Dentro do mofumbal

Mais a vida continua
E o vaqueiro afamado
Olhando o claro da lua
Ainda lembra do passado
Quando tangia boiada
Dentro da mata fechada
Num cavalo bem arreado

Cantando e dizendo assim
"Fasta pra lá vaca incarnada
Eiiiiiiii boi mudubim"
Uma poeira danada
Batendo no nosso fucim
Mais isso não é ruim
Na tangida da estrada
Ruim é ser desprezado
Por patrão abandonado
Quando não tange mais boiada
Texto: Jatão Vaqueiro

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